Incêndios florestais castigam doze estados do Oeste norte-americano hoje após a temporada recorde de fogo de 2020 e que pode ser superada por 2021 | Justin Sullivan/Getty Images/AFP/MetSul Meteorologia

“Ninguém está seguro: os extremos do tempo castigam o mundo rico”. O artigo de Somini Sengupta, repórter de clima do jornal New York Times, é a principal reportagem de capa do jornal norte-americano na sua edição deste domingo.

Uma série de desastres naturais e extremos meteorológicos atingiu nos últimos dias algumas das nações mais ricas e desenvolvidas do planeta, exibindo despreparo e problemas graves de estrutura para fazer frente ao clima cada vez mais extremo do planeta.

Alguns dos países mais ricos da Europa, como Alemanha e Bélgica, estão neste fim de semana sob uma condição de desastre pelas inundações devastadoras trazidas por evento de chuva extrema na metade da semana passada. Cidades submergiram em enchentes e a destruição foi imensa no Oeste alemão e na Bélgica.

Carros e caminhões submersos neste sábado na rodovia federal B265 em Erftstadt, oeste da Alemanha, depois que fortes chuvas atingiram partes do país com inundações generalizadas e grandes danos. | Sebastien Bozon/AFP/MetSul Meteorologia

Apenas dias antes, o Noroeste dos Estados Unidos enfrentou uma onda de calor que os cientistas diziam ser “virtualmente impossível” sem que houve o aquecimento global. As máximas ficaram mais de 20ºC acima da média numa região úmida e mais fria como a de Seattle, um desvio de temperatura positivo equivalente a Porto Alegre ter mais de 50ºC à sombra de temperatura máxima no verão. O Canadá teve seu recorde nacional de calor e a cidade em que foi registrado o recorde literalmente queimou.

Ao mesmo tempo, recordes de calor eram quebrados na Rússia, África e Oriente Médio. O Chipre enfrentava os maiores incêndios florestais de sua história. Enquanto isso, na Ásia, deslizamentos de terra provocados por chuva extrema e recorde sepultaram parte de uma cidade do Japão.

“Os desastres pelos extremos do tempo na Europa e na América do Norte exibem dois fatos essenciais da ciência e da história: o mundo como um todo não está preparado para reduzir as mudanças climáticas nem tampouco para conviver com elas”, escreveu a repórter do New York Times. “Os eventos da semana castigaram alguns dos países com mais riqueza no mundo e que foi construída por mais de um século de queima de carvão, petróleo e gás, atividades que levaram gases do efeito estufa para a atmosfera e aquecem o mundo”, descreve.

Maior chuva em um século na Alemanha. Especialistas alertam que eventos extremos de precipitação serão cada vez mais comuns com as mudanças climáticas | Christof Stache/AFP/MetSul Meteorologia

Cidade alemã de Schuld foi arrasada pela chuva e contabiliza dezenas de desaparecidos nas inundações | Bernd Lauter/AFP/MetSul Meteorologia

Bombeiro alemão inspeciona os destroços da inundação na cidade de Schuld em busca de vítimas desaparecidas | Bernd Lauter/AFP/MetSul Meteorologia

Europa em emergência climática com Alemanha ainda resgatando pessoas nas inundações e buscando desesperadamente por centenas de desaparecidos no pior desastre da história do país na memória recente | Sebastien Bozon/AFP/MetSul Meteorologia

A chuva e as inundações que se seguiram deixaram mais de 150 mortos na Alemanha e na Bélgica. Há centenas ainda de desaparecidos. Os estados alemães mais atingidos pelas enchentes foram Renânia do Norte-Vestfália e Renâmia-Palatinado com cidades total ou parcialmente arrasadas pelas inundações. As águas castigam ainda a Holanda, Luxemburgo e o Norte da França.

O artigo principal de capa do New York Times questiona quais ações serão adotadas por estes países diante da crescente ameaça climáticas e quais serão as ações de mitigação para futuros eventos extremos, uma vez que os sistema de alerta e prevenção nos desastres dos últimos dias foram insuficientes e precários em evitar uma grande perda de vidas humanas.

Cidade belga de Liége estava debaixo d’água nesta sexta-feira | Bruno Fahy/AFP/MetSul Meteorologia

A chanceler alemã Ângela Merkel disse neste domingo que a maior economia da Europa precisa se preparar melhor e mais rápido para lidar com os impactos das mudanças climáticas depois da inundações trazerem o pior desastre natural na Alemanha em quase seis décadas.

A Comissão Europeia anunciou na última semana uma proposta de leis para banir a venda de veículos a diesel e gasolina a partir de 2035  e que exige de indústrias o pagamento por suas emissões, além de maiores tarifas de importação para países com políticas climáticas deficientes.