Céu iluminado à noite pela erupção do vulcão na ilha de La Palma que dura dois meses | Rubén Lopéz/IGN

A magnitude da erupção do vulcão Cumbre Vieja, em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, subiu hoje de VEI-2 para VEI-3. A decisão foi comunicada pelo comitê científico do organismo de previsão e monitoramento de vulcões Involcan. De acordo com o órgão, o aumento da magnitude não supõe uma explosão maior do vulcão.

A decisão de subir o índice de explosividade da erupção ocorreu após a constatação que 10 milhões de metros cúbicos de material piroclástico já foram emitidos. Os cientistas espanhóis enfatizaram ainda que não há alteração nas características explosivas da erupção que permanecem as mesmas desde o dia 19 de setembro, quando teve início a crise vulcânica. A atividade varia a cada dia e aumentou neste sábado após uma sexta-feira com menor emissão de cinzas e piroclastos.

Neste momento, há três fluxos ativos de lava percorrendo a parte mais ao Sul da ilha de La Palma. O que mais cresce avançou 130 metros entre ontem e a manhã deste sábado. De acordo com os últimos dados, a área coberta por lava chega a 1.050 hectares.

O que é o Índice de Explosividade Vulcânica (EIV-VEI)

Em vulcanologia, existe uma escala conhecida como Índice de Explosividade Vulcânica (IEV-VEI), que é um indicador do tamanho e da explosividade das erupções. Ele registra a quantidade (volume) de material que um vulcão expele e a altura da nuvem de erupção. A escala IEV-VEI varia de 0 a 8, mas é logarítmica, o que significa que um aumento de 1 na escala representa uma explosão 10 vezes mais potente.

A erupção de La Palma agora alcança a escala 3. Em comparação, o VEI do vulcão da Islândia Eyjafjallajökull, que paralisou, o transporte aéreo europeu foi VEI-4. O evento do Vesúvio que destruiu Pompeia foi VEI-5. Já a erupção do Pinatubo, do começo da década de 90, que trouxe resfriamento do planeta, foi VEI-6.

As supererupções (também conhecidas como erupções megacolossais) têm um IEV de 8, o que significa que são as erupções mais explosivas da escala. Os supervulcões emitem enormes quantidades de material, mais de 1.000 quilômetros cúbicos, mas essas erupções são muito raras.

Estima-se que uma supererupção ocorra apenas uma vez a cada 10.000 anos ou mais. Por exemplo, não há supererupções no registro histórico humano recente, embora existam no registro geológico. Ou seja, há certeza de que ocorreram porque foram estudados com base em depósitos geológicos.

Uma das supererupções mais famosas ocorreu nos Estados Unidos, dentro do Parque Nacional de Yellowstone, e levou à formação da chamada Caldeira de Yellowstone há 640 mil anos. A caldeira mede 69 x 45 quilômetros e foi formada durante a erupção do Lava Creek. Yellowstone é um supervulcão, como o Diamond Caldera no Chile, que foi formado por supererupções há cerca de 130.000 anos.

Esses supervulcões geralmente são produzidos em zonas de deriva continental, onde as erupções são mais explosivas. Isso não aconteceu nas Ilhas Canárias da Espanha porque o arquipélago não está em uma deriva continental, mas sim em uma zona chamada de hotspot.

Se uma erupção megacolossal desse tipo ocorresse na Terra agora, provocaria uma mudança climática violenta de resfriamento com colapso agrícola mundial que traria fome e miséria em níveis jamais vistos em milhares de anos. Estudos mostraram que erupções no topo da escala IEV bombeiam tantas cinzas para a atmosfera que bloqueariam os raios solares e levariam a mudanças no clima em escala global. Além disso, na área onde ocorreu a supererupção, a devastação seria total porque o material associado expelido é geralmente um fluxo piroclástico que destrói tudo na vizinhança com um alcance que pode se estender por centenas de quilômetros.

A erupção do Cumbre Vieja

A erupção é a primeira em La Palma desde outubro de 1971, quando o vulcão Teneguia expeliu lava durante três semanas. La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do Arquipélago das Canárias. No seu ponto mais próximo com a África, dista 100 quilômetros do Marrocos. As Canárias estão a 460 quilômetros da ilha da Madeira, em Portugal, e a 1.428 quilômetros da Ilha do Sal, em Cabo Verde.

A atividade vulcânica na parte Sul da ilha de La Palma já dura pelo menos 125.000 anos e formou o vulcão conhecido como Cumbre Vieja, ou também simplesmente como Dorsal Sur. Apesar de serem estruturas diferentes, o Cumbre Vieja pode fazer parte do vulcão Taburiente. O Cumbre Vieja entrou em erupção em 1971, 1949, 1712, 1677, 1646 e 1585.

É o vulcão mais ativo das Ilhas Canárias. As erupções ocorreram em intervalos de 20-60 anos. Exceção foi a notável dormência de 237 anos entre 1712 e 1949. Cientistas especulam que a enorme erupção de seis anos na vizinha Ilha de Lanzarote, em 1730, induziu a longa dormência em Cumbre Vieja de mais de dois séculos até 1949.