Tocantins e a Bahia enfrentam graves inundações com mais de uma centena de municípios em situação de emergência, 20 mortes, cidades inteiras debaixo d´água e centenas de milhares de pessoas afetadas por inundações. Na Bahia, é o segundo evento de graves inundações com só três semanas de intervalo entre um e outro, consequência de um segundo episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul que se posicionou mais ao Norte que sua orientação habitual. Uma situação de desastre por chuva que era antecipada e foi ostensivamente alertada.
Em boletim publicado em 21 de dezembro, intitulado “Brasil pode ter novos desastres por chuva excessiva nesta virada de ano”, a MetSul ressaltava que Tocantins e Bahia registrariam volumes excepcionalmente altos e enfatizava, no caso da Bahia, que “com o solo saturado de umidade pelo recente episódio de precipitação extrema, rios com níveis ainda acima da média e muitas pessoas que ainda sofrem os efeitos do desastre do começo de dezembro, o cenário que se esboça é muito preocupante”.
O que traz preocupação agora é o cenário de chuva para o Sudeste do Brasil. O corredor de umidade responsável pelo excesso de precipitação em Tocantins e no estado baiano vai estar nos próximos sete a dez dias mais ao Sul, na área que costumeiramente atua durante o verão.
Os volumes de chuva devem ser muito altos e, inclusive, excepcionalmente elevados em várias áreas da Região Sudeste. O estado com maior risco é Minas Gerais, entretanto áreas do Rio de Janeiro e de São Paulo também podem sofrer com precipitação excessiva.
O mapa abaixo mostra a última projeção de chuva do modelo meteorológico norte-americano GFS para 15 dias em que se observa a tendência de acumulados muito altos no Sudeste com indicativos de 300 mm a 400 mm em alguns locais.
Estas projeções, disponíveis ao assinante na seção de mapas, sofrem alterações a cada rodada sobre quais pontos isolados podem ter os volumes mais extremos, mas em todas as saídas do modelo os volumes indicados têm sido muito altos a excessivos na Região Sudeste.
Já nesta virada de ano se espera um aumento substancial da chuva na Região Sudeste com os volumes mais altos concentrados em Minas Gerais. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva para sete dias do modelo meteorológico alemão Icon em que se constata a tendência de chover muito em pontos do território mineiro nestes últimos dias de 2021 e nos primeiros de 2022. Algumas localidades podem registrar 200 mm a 300 mm.
A capital com maior risco nestes últimos dias do ano e no começo de 2022 é Belo Horizonte. Os volumes projetados para a capital mineira e sua área metropolitana são muito altos e, de acordo com alguns modelos, poderia exceder 200 mm em apenas uma semana.
É cenário de chuva por vezes muito intensa em curto período, capaz de gerar inundações repentinas e ainda deslizamentos de terra. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro terão risco aumentado de temporais de chuva forte no período.
As projeções do modelo europeu, que melhor antecipou os dois eventos de chuva extrema na Bahia, são ainda mais preocupantes para o Sudeste, uma vez que chega a sinalizar volumes de 300 mm a 500 mm em pontos da região nos próximos 15 dias, especialmente no estado de Minas Gerais.
Em se tratando da região do país com maior densidade populacional, com muitos rios, grande quantidade de pessoas vivendo em áreas de risco (perto de rios ou em encostas) e ainda um relevo acidentado, volumes tão altos esboçam um cenário de novas situações de emergência e calamidade por chuva no começo do ano.
Rios podem enfrentar cheias e transbordamentos em algumas regiões de Minas Gerais e não são descartadas situações de enchentes localizadas por extravasamento de rios ainda em São Paulo e em Minas Gerais.
Outra grande preocupação é com escorregamento de encostas, já que Minas e Rio são áreas com muitas cidades em regiões serranas e de alto risco quando se dão eventos de chuva volumosa ou excessiva, como se antecipa para os próximos dez a quinze dias.