Cem municípios em emergência, 20 mortos e cidades submersas pela chuva intensa no estado da Bahia e que vai prosseguir em parte do território baiano nos próximos dias | MANUELLA LUANA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O Sul da Bahia, região mais castigada pela chuva desde novembro, vai ter um período mais longo agora sem excesso de precipitação, mas parte do território baiano pode ter uma piora do quadro de inundações. Com a mudança de orientação do canal de umidade responsável pela chuva extrema mais para o Sul, o que levará muita chuva para o Sudeste do Brasil, a tendência é de uma diminuição expressiva dos volumes de chuva no Sul baiano nestes últimos dias do ano e nos primeiros de 2022.

O mapa acima com a projeção de chuva do modelo norte-americano GFS para 15 dias indica acumulados de precipitação não muito elevados para o Sul da Bahia. Não vai deixar de chover, as pancadas seguirão ocorrendo na região, mas dentro do que é normal pelo calor e umidade. O sol vai aparecer quase todos os dias nas próxima duas semanas, em alguns momentos com maior nebulosidade.

Por outro lado, a região que seguirá com risco de chuva forte e volumosa na Bahia, o que exige atenção, será o Oeste do Estado que também sofre os efeitos da chuva volumosa. Isso porque são previstos volumes muito altos nos próximos 15 dias no Brasil Central, em particular em Goiás. No Nordeste, a tendência nas próximas duas semanas é de precipitações excessivas no Maranhão e em parte do Piauí com risco de transtornos para a população.

A diminuição da chuva no Sul baiano é uma excelente notícia ante a situação de desastre que experimenta a região, assolada por dois eventos extremos de chuva, um no começo do mês e outro agora na semana do Natal. O número de cidades em situação de emergência devido às fortes chuvas que atingem o sul da Bahia subiu para 100. No total, 116 municípios foram afetados.

Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), 20 pessoas já morreram em consequência dos danos provocados pelos temporais. Os dois óbitos mais recentes ocorreram em Itabuna: uma mulher de 33 anos, vítima de desabamento, e um homem de 21, que foi levado pela correnteza. A Sudec também informou que 31.405 habitantes estão desabrigados e 31.391, desalojados. Além disso, foram registrados 358 feridos e 471.009 pessoas afetadas de alguma forma.

A redução da chuva e o tempo firme com sol e nuvens na maioria dos dias a partir de agora é um alento também em razão do cenário crítico de barragens, a despeito de o risco seguir nas estruturas pelo excesso de água acumulada. Os bombeiros da Bahia informam que pelo menos dez barragens estão no momento em nível crítico, mas que não correm o risco iminente de rompimento.

Uma das cidades mais duramente castigadas é Itabuna. O coordenador da Defesa Civil do município informou que ainda há uma criança desaparecida na cidade. “Estamos pedindo reconhecimento federal de situação, para podermos fazer as ações. É muita miséria, muita gente passando fome. Está um caos por aqui. Das 47 áreas de risco da cidade, 40 foram afetadas pelas chuvas nas últimas horas”, disse.

No Extremo Oeste da Bahia, onde a situação deve se agravar pela continuidade da chuva volumosa, a cidade de Santa Maria da Vitória, o rio subiu e está iminência de atingir a área urbana. Em apenas 24 horas, choveu mais de 130 mm. Ao todo, 16 casas desabram, 53 pessoas estão desabrigadas e outras 15 estão em aluguel social.