Os últimos dias de outubro trouxeram o calor que esteve ausente no Sul do país na maioria dos dias do mês que foi marcado, principalmente em sua primeira quinzena, por um elevado número de dias de temperatura abaixo da média e chuva excessiva no Paraná, onde apenas nos primeiros 15 dias do mês chegou a chover mais de 400 mm em alguns pontos.
O padrão atmosférico projetado pela MetSul Meteorologia para o clima no mês de novembro reflete mais a tendência do que se observou no final que no começo de outubro. O cenário vai ser típico de verão no Brasil e com os efeitos do fenômeno La Niña se fazendo sentir no regime de precipitação.
Outubro termina com a La Niña em sua forma clássica no Oceano Pacífico com anomalias de temperatura da superfície do mar mais frias do que a média numa extensa faixa entre o centro o Leste do oceano na região equatorial. No Pacífico Equatorial Central, de acordo com o último informa da NOAA, a anomalia era de -0,8ºC, a mesma observada no Pacífico Equatorial Leste. São valores condizentes com La Niña fraca.
O que o clima em novembro reserva na chuva
A tendência é de chuva abaixo da média na maior parte do Sul do Brasil durante novembro. As exceções na Região Sul, conforme análise da MetSul, podem ser áreas mais ao Leste de Santa Catarina e do Paraná, mesmo que modelos estejam indicando precipitação mais escassa nestas áreas. O aporte de umidade do mar em direção ao continente deve favorecer chuva frequente e em alguns momentos forte nestas regiões.
Ao contrário, em áreas mais a Oeste de Santa Catarina e na maior parte do Rio Grande do Sul, a tendência é de precipitação abaixo dos padrões históricos em novembro. Assim, regiões do estado gaúcho que já começam a se ressentir de chuva abaixo do normal, como o Extremo Sul e o Oeste. Vão ter desta forma seu déficit de precipitação aumentado com aceleração da perda de umidade no solo à medida que as tardes ficam mais quentes e o número de horas de sol aumenta com a aproximação do solstício de verão.
No Sudeste do Brasil, São Paulo deve ter chuva muito irregular. Algumas áreas podem fechar o mês com volumes acima da média, principalmente em razão de temporais isoladas capazes de gerar grandes acumulados em curto período, mas diversos municípios terão precipitação ou próxima ou abaixo da média. O mesmo cenário é esperado na maior parte do Mato Grosso do Sul.
Onde mais se espera chuva, com tendência de precipitação acima da média, é entre diversas regiões do Mato Grosso, Goiás (mais o Centro e o Norte do estado goiano), Distrito Federal, a maior parte de Minas Gerais, Norte do Rio de Janeiro (Região dos Lagos), o Espírito Santo e em áreas do Centro para o Sul da Bahia. Volumes localmente excessivos podem ocorrer ainda em pontos entre os litorais de São Paulo e do Rio de Janeiro por efeito de chuva orográfica.
Nestas regiões, numa faixa que vai do Mato Grosso ao Espírito Santo e a Bahia, e que inclui a maior parte de Minas Gerais, os acumulados em diversas localidades podem ser bastante altos com risco de inundações e deslizamentos em algumas localidades. Preocupa o cenário, em especial, em Minas que terá um mês excessivamente chuvoso em diferentes municípios.
O mapa acima mostra a projeção de anomalia de precipitação do modelo CFS (Climate Forecating System) da agência de clima dos Estados Unidos (NOAA/NCEP) e que está disponível ao assinante na seção de mapas da nossa página com projeções para até seis meses.
No Sul, apesar de a tendência ser de precipitação abaixo da média na maior parte da região, é sempre importante recordar que se está ingressando no período do ano em que ocorrem as pancadas e temporais típicos de verão. São capazes de gerar volumes excepcionalmente altos em curto período em pontos por demais localizados. Assim, sob esta condição comum desta época do ano, a chuva pode terminar acima ou abaixo da média conforme a área de uma cidade.
Temperatura em novembro
Se setembro, primeiro mês da primavera climática, tem muitas características ainda de inverno, outubro é um mês típico de meia estação. Por outro lado, novembro traz aumento pronunciado das características de verão com maior frequência de dias de calor no Sul do país.
No Centro-Oeste e na maior parte do Sudeste, onde as maiores marcas do ano são alcançadas durante a estação seca em diversas cidades, o clima em novembro com maior frequência de chuva costuma inibir que ocorram extremos de temperatura máxima. Se começa a esquentar muito em um dia, logo se formam nuvens de maior desenvolvimento e chove, derrubando a temperatura, o que não se dá entre julho e setembro durante as ondas de calor com ar muito seco.
O mapa acima mostra a projeção de anomalia de temperatura do modelo CFS (Climate Forecating System) da agência de clima dos Estados Unidos (NOAA/NCEP) e que igualmente está disponível ao assinante na seção de mapas da nossa página com projeções para até seis meses.
Modelos não indicam grandes desvios da temperatura para o mês de novembro no Centro-Sul do Brasil. Na Região Sul, a maioria das cidades deve ter temperatura um pouco acima da média do mês, mas no Leste catarinense e paranaense maior ocorrência de chuva pode trazer marcas abaixo da média.
No Centro-Oeste e no Sudeste, grande parte da região deve ter temperatura perto ou acima da média. A combinação de temperatura acima da média com chuva acima das normais terá como efeito maior incidência de temporais em variados pontos, notadamente nas áreas em que os modelos indicam precipitação mais acima dos padrões históricos.
Com o fenômeno La Niña atuando, no clima em novembro há uma maior propensão para massas de ar frio de trajetória marítima, assim que áreas costeiras entre os litorais de Santa Catarina e do Rio de Janeiro podem ter vários dias menos quentes que o normal ou mais agradáveis. A mesma fase negativa do Pacífico pode trazer uma ou dias incursões tardias de frio no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas nada excepcional e que teriam como efeito provocar dias agradáveis e sem calor, mas com mínimas baixas em cidades de maior altitude.