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As consequências do fenômeno La Niña de 2021 e 2022 gradualmente começarão a impactar o regime de chuva no Sul do Brasil a partir de agora. As precipitações tendem a diminuir e se tornar mais irregulares, sobretudo no Rio Grande do Sul. O fenômeno no Oceano Pacífico Equatorial foi declarado em andamento pela NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera) na metade deste mês e aumenta o risco de chuva abaixo da média no Sul do país no final da primavera, durante o verão e no período inicial do outono.

Na última semana, o Pacífico Equatorial Leste resfriou-se mais acentuadamente e apresentou anomalia de temperatura da superfície do mar de -0,8ºC. Esta parte do Pacífico é conhecida por seu impacto no regime de chuva mais ao Sul do Brasil. Quanto mais fria, maior a chance de a chuva ser irregular e ficar abaixo da média. Em 2005, por exemplo, quando havia El Niño, o resfriamento observado nesta região do oceano favoreceu a grande estiagem daquele ano.

Ao contrário, quando aquece o Pacífico Equatorial Leste aquece muito, há uma tendência de a chuva ficar acima da média na maior parte do Sul do Brasil. Em 2017, no verão, as anomalias no Pacífico Equatorial Central estavam em patamar neutro, mas houve enorme aquecimento do Pacífico Leste (El Niño costeiro) de +1,6ºC em fevereiro e +1,9ºC em março, o que resultou em chuvas abundantes no Rio Grande do Sul e até excessivas.


O resfriamento em curso do Pacífico Leste, junto às costas do Peru e do Equador, deverá se refletir na chuva principalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Áreas do Paraná, em especial mais ao Norte, pela proximidade com o Sudeste e o Centro-Oeste, tendem a ter um padrão diferente.

Os mapas acima mostram as projeções de anomalia de chuva para as próximas quatro semanas no Brasil a partir de dados do modelo meteorológico europeu. O padrão da chuva é muito típico de La Niña no território brasileiro com chuva abaixo da média no Sul e acima da média em muitas áreas do Nordeste, uma amostra no clima de como será o verão 2022 no Brasil.

No período, a chuva deve diminuir principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Por outro lado, as precipitações podem ser muito volumosas com acumulados acima da média em áreas do Brasil Central, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.

É importante enfatizar que são mapas de anomalia prevista de chuva e não totais acumulados previstos de precipitação. Chuva abaixo da média não significa ausência de chuva e sim que as precipitações tendem a ficar em níveis inferiores aos padrões históricos.

Uma localidade que tem chuva média histórica de 140 mm em novembro e registra 110 mm terminou o mês com chuva abaixo da média, apesar de ter chovido mais de 100 mm em um intervalo de 30 dias. Ademais, episódios isolados de chuva muito volumosa podem ocorrer em razão de forte calor acompanhando temporais.

Uma das maiores preocupações neste final de ano, ante a irregularidade da chuva que se prevê, é com a cultura de milho. É alto o risco de quebra e de perda de produtividade no milho principalmente no Rio Grande do Sul e no Oeste de Santa Catarina. Áreas do Sudoeste do estado do Paraná também podem se ressentir de precipitações irregulares.

A tendência é que o fenômeno La Niña persista até o outono de 2022. Conforme análise de probabilidade da Universidade de Columbia, existe 87% de chance de o trimestre de verão transcorrer sob La Niña. A MetSul trabalha com a perspectiva que o episódio do fenômeno de 2021/2022 seja de intensidade fraca a moderada.

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