A chuva ganhou força hoje no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mas o pior da instabilidade está por vir nesta terça e na quarta a partir da formação de ciclone extratropical sobre os dois estados. Os acumulados de precipitação até 19h desta segunda-feira chegavam a 110 mm em Soledade, 112 mm em Siderópolis, 120 mm em Lages, 122 mm em Serafina Correa e Fontoura Xavier, 134 mm em São Joaquim e 150 mm em Vacaria.

Um vórtice ciclônico com ar frio em médios a altos níveis da atmosfera (“baixa fria” no jargão da Meteorologia) avança do Nordeste da Argentina para o Sul do Brasil nesta terça  e entrará em fase com um centro de baixa pressão em superfície formando um ciclone em processo conhecido como ciclogênese.

A chuva se intensifica principalmente na Metade Norte do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nesta terça e na quarta-feira com os acumulados mais extremos numa área que compreende o Nordeste do Rio Grande do Sul (Norte da Grande Porto Alegre, Serra, Aparados e Litoral Norte) e o Sul e o Leste da Santa Catarina, o que vai elevar os rios e trazer vários transtornos para a população.

Os acumulados até quinta, que ainda deve ter chuva em pontos perto da costa, devem ser absurdamente altos em pontos mais ao Norte do Litoral Norte gaúcho e do Sul de Santa Catarina com volumes de 300 mm a 500 mm. Em outras palavras, até quinta-feira alguns municípios desta área mais crítica para chuva extrema podem ter quatro a cinco vezes a média de precipitação de maio inteiro.

Projeção de chuva das 12Z de hoje do modelo WRF de 300 mm a 400 mm para áreas mais ao Norte do Litoral do Rio Grande do Sul e o Sul e Leste de Santa Catarina

Conforme os dados de modelos, os acumulados mais extremos se dariam em localidade junto ou perto do “paredão” de morros e montanhas do Parque Nacional dos Aparados da Serra e do Planalto Sul Catarinense. Isso inclui, dentre outras cidades, as gaúcha Morrinhos do Sul, Terra de Areia, Três Cachoeiras, Torres, e as catarinenses Praia Grande, Jacinto Machado, Meleiro, Nova Veneza, Siderópolis e Lauro Muller. Todas as cidades do Sul catarinense e numa faixa que vai até Florianópolis devem, contudo, ter chuva excessiva com acumulados localmente mesmo excepcionalmente altos.

Projeção de chuva do modelo Icon indica que a área junto à cadeia de morros do Parque Nacional dos Aparados da Serra terá os maiores acumulados com 400 mm a 500 mm

Projeção de chuva do modelo europeu (ECMWF) das 12Z desta segunda indica chuva excessiva de 200 mm a 300 mm da área de Torres até o Sul de Florianópolis

Fluxo de vento do mar para o continente, associado ao ciclone, vai trazer umidade do mar pro continente que ao encontrar a barreira física da Serra do Mar vai gerar chuva orográfica (associada ao relevo) com acumulados enormes a Leste da Serra. Chuva orográfica usualmente despeja enormes volumes de precipitação em curtos períodos.

O vento associado ao ciclone começa a aumentar nesta terça e sopra moderado e com rajadas até quinta. No final da quarte e no começo da quinta, as rajadas podem ser fortes a intensas no Nordeste gaúcho e no Sul e Leste de Santa Catarina. O pior do vento se daria entre o Litoral Norte gaúcho e Sul de Santa Catarina com rajadas de 80 km/h a 100 km/h e isoladamente mais fortes.