O Centro de Previsão de Tempo Espacial (SPWC), da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, emitiu um alerta em que adverte para a possibilidade de que a tempestade solar que atingirá a Terra neste fim de semana traga risco para pessoas, mas não para a esmagadora maioria dos habitantes do planeta.
O aviso do SWPC é válido para os astronautas orbitando a Terra, como na Espação Espacial Internacional (ISS), e ainda para passageiros e tripulantes de aviões em voos comerciais em altas latitudes, ou seja, perto dos polos. Muitos voos percorrem rotas próximas dos polos, especialmente no Hemisfério Norte em rotas entre América do Norte, Europa e Ásia. O aviso da NOAA ressalta ainda o risco para satélites orbitando o mundo.
Segundo o comunicado, “aumento na porção energética do espectro de radiação solar pode indicar um risco biológico aumentado para astronautas ou passageiros e tripulação em voos de alta latitude e altitude. Além disso, as partículas energéticas podem representar um risco aumentado para todos os sistemas de satélite suscetíveis a efeitos de eventos únicos”.
O Space Weather Prediction Center prognostica uma forte tempestade Geomagnética de escala G3, que vai até 5 que é severa, para este fim de semana. A tempestade ocorrerá após uma erupção solar significativa com ejeção de massa coronal (EMC) do Sol que ocorreu em 28 de outubro.
A análise indicou que o plasma deixou o Sol rumo à Terra a uma velocidade de 973 quilômetro por segundo e a previsão é que chegue em nosso planeta no decorrer deste sábado e prossiga ao longo do domingo com menor intensidade.
Quando a ejeção de massa coronal se aproximar da Terra, o satélite DSCOVR da NOAA estará entre os primeiros instrumentos espaciais a detectar as mudanças do vento solar em tempo real e os prognosticadores do SWPC atualizarão os seus alertas e avisos.
Expectativa por um show de auroras boreais
Os observadores de auroras boreais aguardam com grande expectativa a noite de sábado para domingo na Europa e América do Norte que pode repetir o espetáculo no céu de dias atrás. A forte tempestade solar deve afastar o tradicional cinturão de auroras do polo para latitudes mais baixas. O Centro de Previsão do Tempo Espacial da NOAA prognostica chance de auroras no extremo Nordeste dos Estados Unidos, no Norte do Meio-Oeste norte-americano e no estado de Washington.
A CME associated with Thursday's solar flare is expected to reach earth tomorrow. A G3 (Strong) Geomagnetic Storm Watch is in effect for Saturday and Sunday, and may drive the aurora over the Northeast, to the upper Midwest, to WA state. Check https://t.co/WeNidVVNv6 for updates. pic.twitter.com/GOvR3a8AJX
— NOAA Space Weather (@NWSSWPC) October 29, 2021
Os prognosticadores da NOAA dizem que há 85% de chance de tempestades geomagnéticas neste sábado, quando a EMC deverá atingir o campo magnético da Terra. Pode ser uma tempestade forte, de categoria G3, o cientista Tony Phillips, da NASA, acredita que as auroras podem descer até locais de latitude média nos Estados Unidos como Kansas, Nebraska, Oregon e Virgínia, o que colocaria grandes cidades como New York City, Boston e Chicago na rota das Northern Lights, como são conhecidas também as auroras boreais.
No Hemisfério Sul, as auroras poderão ser vistas ainda no Sul da Austrália, como na Tasmânia, e ainda em áreas meridionais da Nova Zelândia. A aurora austral vai aparecer ainda sobre as regiões antárticas e deverá ser observada a partir de bases polares de vários países no continente gelado.
A causa da tempestade solar
A tempestade solar que atingirá a Terra neste fim de semana se dará com uma ejeção de massa coronal (EMC), resultante da explosão do tipo X1 da quinta-feira no Sol, que deve alcançar o campo magnético da Terra no decorrer do dia de hoje. A EMC foi lançada ao espaço ontem após uma explosão do tipo X na mancha solar AR2887 com uma grande e poderosa labareda solar que no momento da liberação da ejeção estava voltada diretamente para a Terra. Por isso, é alta a probabilidade de uma tempestade solar mais forte neste fim de semana.
A bright halo coronal mass ejection was observed by NASA's SOHO coronagraph which blocks most of the Sun's light. The halo is indicative that the CME is likely Earth-directed and may bring spectacular aurora down late Saturday in the form of a strong geomagnetic storm. #spacewx pic.twitter.com/le5Vm7BGk2
— Space Weather Watch (@spacewxwatch) October 28, 2021
As imagens da sonda SOHO acusaram grande quantidade de prótons em direção à Terra e que chegaram ao nosso planeta na quinta apenas uma hora depois de terem sido liberados pelo Sol. Já a ejeção de massa coronal que trará a tempestade solar leva mais de dois dias para cruzar todo o espaço entre o Sol a Terra.
Assim como em fenômenos na Terra existem diferentes escalas para definir os fenômenos e sua intensidade (Richter para terremotos, Saffir-Simpson para furacões ou Fujita para tornados), as explosões solares também possuem uma escala que é baseada em letras e números.
Forget things that go bump in the night. This massive Halloween week solar storm in 2003 gave us a real fright: https://t.co/H5Yb4ADfRW pic.twitter.com/9CDTa60cT6
— NOAA NCEI (@NOAANCEI) October 30, 2021
As mais fracas são do tipo A enquanto as de classe B são consideradas fracas. Já explosões solares do tipo C são pequenas, mas já podem causar um impacto menor na Terra, notadamente favorecendo auroras nos polos. As explosões de classe M, por sua vez, são consideradas de média intensidade e podem interferir nas transmissões de rádio.
Por fim, as explosões de tipo X, como a registrada na quinta e que foi X1, são as mais intensas e longas, podendo causar até efeitos grandes na vida terrestre se violentas. A mais forte explosão solar já documentada ocorreu em 4 de novembro de 2003 e foi uma X28 e afetou diversos satélites à época.