Para a tripulação de um voo entre a cidade de Nova York e Anchorage, no Alasca, o voo da noite do último dia 12 de outubro jamais sairá da memória. A viagem se deu em meio a uma tempestade geomagnética moderada a forte que trouxe um espetacular show de luzes da aurora boreal sobre a América do Norte, proporcionando imagens incríveis como as feitas da cabine de comando da aeronave naquela noite.
“Ao voar de Nova York para Anchorage em 12 de outubro, vimos aurora durante quase todo o voo”, relatou Terry Brown, que fotografou as auroras usando apenas o seu aparelho de telefone celular iPhone e sem equipamentos especiais. “As cores e o movimento eram os melhores que todos na tripulação podiam se lembrar de ter experimentado”, narrou.
As auroras apareceram logo depois que uma ejeção de massa coronal atingiu o campo magnético da Terra, gerando uma tempestade geomagnética de classe G2. Foi uma das tempestades mais fortes em anos, mas apenas uma pequena parte do que é esperado no futuro próximo.
Isso porque o ciclo Solar 25 continua a se intensificar e está mais intenso do que era projetado inicialmente. O máximo do ciclo solar é esperado em 2024-2025, o que renderá imagens mais frequentes e incríveis das auroras registradas em voos comerciais por passageiros e tripulantes, especialmente em rotas de maior latitude entre Ásia, América do Norte e Europa.
O que provocou a tempestade solar do último dia 12 foi uma ejeção de massa coronal liberada pelo sol após uma explosão do tipo M1.6 ocorrida às 3h40 (hora de Brasília) no sábado (9). Cientistas já prognosticavam que a ejeção, conhecida na sigla em inglês como CME (coronal massa ejection), alcançasse o nosso planeta porque a labareda no sol ocorreu em ponto do disco solar que estava voltado na direção da Terra no momento do evento.
A tempestade geomagnética provocou uma espetacular aparição de auroras na América do Norte, Islândia e no Norte da Europa com as redes sociais do Canadá e do Norte dos Estados Unidos se enchendo de fotos do fenômeno verde e de outras cores no céu. As luzes do Norte foram vistas por quase todo o Canadá e em ao menos quinze estados norte-americanos, como Ohio, Massachussetts, Idaho, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Washington e outros. Observadores de auroras em diferentes províncias do Canadá destacaram que foi o evento mais impressionante em anos e o maior até agora do atual ciclo solar de onze anos que recém começou.
Uma tempestade solar como a do dia 12 de outubro não tem efeitos perceptíveis no Brasil e o máximo que pode ocorrer é alguma interferência em sinal de televisão por satélite. Os impactos são mais sentidos em regiões próximas aos polos. Entre os impactos nestas áreas de maior latitude e na órbita terrestre do planeta estão flutuações na rede elétrica que podem disparar alarmes de tensão, interferência em GPS, mudanças nas orientações de satélites e grande impacto na propagação de ondas de rádio, especialmente de HF.