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Cidade de São Paulo terá uma segunda metade de setembro de temperatura muitíssimo acima da média com possibilidade de alguns dias de calor extremo e talvez até recorde para o mês | SUAMY BEYDOUN/AGIF/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A MetSul Meteorologia alerta em seu prognóstico para a segunda metade do mês que o estado de São Paulo terá uma segunda quinzena do mês de setembro excepcionalmente com temperaturas muitísismo acima da média desta época do ano. Embora extremos de calor não sejam incomuns nesta época na capital e no interior paulista, vai fazer muito mais calor que o habitual, adverte a MetSul.

Serão muitos dias de calor intenso a extremo no estado de São Paulo. Em alguns, a temperatura ficará perto ou acima de 40ºC no interior e na capital há chance de marcas tão altas quanto 37ºC a 38ºC. Assim, não se pode descartar que a cidade de São Paulo e outras cidades paulistas tenham recordes históricos de máximas.

O dia mais quente já registrado na cidade de São Paulo em setembro desde o começo dos dados em 1943 na estação do Mirante de Santana foi de 37,1ºC, em 30 de setembro de 2020. Trata-se da segunda maior máxima da série histórica, só atrás dos 37,8 ºC de 17 de outubro de 2014.

Outros dias de calor muito intenso na série da estação do Mirante de Santana, estação na zona Norte da cidade do Instituto Nacional de Meteorologia, incluem os registros de 37,0ºC em 20 de janeiro de 1999, 36,7ºC em 19 de janeiro de 1999 e também 36,7ºC em 21 de janeiro de 1999.

O que se avizinha no estado de São Paulo em termos de temperatura é semelhante ao que ocorreu entre setembro e outubro de 2020, quando uma bolha de calor se instalou na região sob um padrão de bloqueio atmosférico com vários dias de calor extremo.

Seis dos sete primeiros dias de outubro, em 2020, registraram temperatura acima de 40ºC na cidade de Lins. A estação automática do Instituto Nacional de Meteorologia no município paulista indicou 43,5°C. A marca superou o até então recorde absoluto do Inmet no estado de São Paulo de 43,0°C no município de Iguape, em fevereiro de 1933.

Com base nos registros  absolutos de todo estado de São Paulo, a partir dos dados de estações meteorológicas convencionais e automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia, as maiores máximas já observadas no estado de São Paulo são: 43,5°C em Lins em 07/10/2020; 43,0°C em Iguape em 03/02/1933; 42,9°C em Barretos em 07/10/2020; 42,8°C em Registro em 02/10/2020; 42,6°C em Ibitinga em 07/10/2020; 42,4°C em Dracena em 06/10/2020; 42,2°C em Catanduva em 05/10/2020; 42,1°C em Iguape em 16/01/1956, e Catanduva e Votuporanga em 03/10/2020; e 42,0°C em Jales em 07/10/2020.

A tendência é que uma bolha de calor avance do Sul do Brasil para a Região Sudeste entre o final da terceira semana de setembro e o começo da última semana do mês, elevando ainda mais as temperaturas que já vão estar altas com possibilidade até de marcas recordes para o mês de setembro.

METSUL

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela.

É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

Nunca na história de mais de um século da observação do clima mundial tantos recordes de calor de todos os tempos caíram por uma margem tão grande quanto na histórica onda de calor do final de junho de 2021 no Oeste da América do Norte, efeito de uma maciça cúpula de calor. Foi o segundo desastre climático mais mortal do ano com 1.037 mortes: 808 no Oeste do Canadá e 229 no noroeste dos EUA. O Canadá quebrou seu recorde nacional de temperatura de todos os tempos em três dias consecutivos em Lytton, British Columbia, que atingiu impressionantes 49,6°Cem 29 de junho, um dia antes da cidade ser incendiada em um feroz incêndio florestal alimentado pelo calor extremo. O antigo recorde de calor canadense era 45,0°C em 5 de julho de 1937.

Este foi o evento regional de calor extremo mais anômalo a ocorrer em qualquer lugar da Terra desde o início dos registros de temperatura. Nada se compara”, disse o historiador do clima Christopher Burt, autor do livro Extreme Weather. Apontando para Lytton, Canadá, ele acrescentou: “Nunca houve um recorde nacional de calor em um país com um extenso período de registro e uma infinidade de locais de observação que foi superado por 4ºC”, afirmou O pesquisador internacional de registros meteorológicos Maximiliano Herrera concordou. “O que vimos é totalmente sem precedentes em todo o mundo”, disse. “É uma cascata interminável de recordes sendo quebrados”, resumiu.

Um estudo de resposta rápida do programa World Weather Attribution descobriu que as altas temperaturas diárias observadas em uma área de estudo que abrange grande parte do Oeste de Oregon, Washington e Colúmbia Britânica em junho de 2021 teriam sido “praticamente impossíveis sem as mudanças climáticas causadas pelo homem”. O estudo estimou que foi aproximadamente um evento de 1 em 1000 anos no clima de hoje, mas em um mundo com 2ºC de aquecimento global, que se projeta para daqui a duas décadas, evento semelhante poderia ocorrer aproximadamente a cada cinco a dez anos.