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Clima na segunda metade do mês pode ter frequência maior de temporais mais ao Sul do Brasil com a atmosfera bastante aquecida e maior presença de umidade na região. Rio Grande do Sul, em particular, pode ter alta frequência de tempestade. | FABIANO GUTIERRES

Como será a segunda metade do mês de setembro no clima? A primeira metade do mês os gaúchos desejam esquecer. Foi um periodo marcado por chuva extraordinária com acumulados absurdamente altos para apenas duas semanas que levaram a cheias de rios em quase todas as regiões do estado e um desastre por enchente catastrófica com quase 50 mortos.

Somente a primeira metade do mês no Rio Grande do Sul registrou acumulados de chuva de 431,6 mm em Caçapava do Sul, 415,6 mm em Passo Fundo, 404 mm em Cruz Alta, 400,8 mm em Serafina Corrêa, 395,4 mm em Santiago, 374,2 mm em Santa Maria 365,4 mm  em São Vicente do Sul, 350,8 mm em São Luiz Gonzaga, 347,2 mm em Tupanciretã, 3339,3 mm em Canguçu, 327,4 mm em Encruzilhada do Sul, 330,8 mm em Dom Pedrito, 330,6 mm em Capão do Leão, 310,2 mm em Rio Grande, 302,2 mm em Alegrete, e 300,8 mm em Bagé.

Na região metropolitana de Porto Alegre, os volumes também foram excepcionais para apenas duas semanas. No Vale do Sinos, a estação de Campo Bom registrou entre os dias 1º e 15 de setembro um volume de 287,6 mm. Em Porto Alegre, a primeira quinzena de setembro somou 269,3 mm no Jardim Botânico e 242 mm em Belém Novo.

A chuva ficou acima da média na primeira metade do do mês ainda em áreas de Santa Catarina e do Paraná, especialmente no Oeste dos dois estados, em várias regiões do Mato Grosso do Sul, e ainda em pontos isolados do Mato Grosso. No geral, grande parte do restante do Brasil encerra a primeira metade do mês com temperatura perto ou abaixo da média histórica.

Outra marca da primeira metade deste mês de setembro foram as temperaturas acima da média em quase todo o território brasileiro. As marcas nos termômetros ficaram acima ou muito acima da climatologia histórica no Centro-Oeste, Norte, Nordeste e o Sudeste do país com anomalias positivas de até 3ºC ou mais em alguns pontos.

Situação do El Niño

O El Niño segue se fortalecendo no Pacífico nesta segunda metade de setembro. O último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, indicou que a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 1,6ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central. O valor está na faixa de El Niño forte (+1,5ºC a +1,9ºC).

Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +3,6ºC, em nível de El Niño costeiro muito intenso (Super El Niño) junto ao Peru e Equador, aquecimento extremo do oceano na região que teve início no mês de fevereiro.

Chuva na segunda metade de setembro

A tendência é a segunda quinzena do mês repetir o padrão observado de chuva na maior parte do Brasil durante a primeira metade do mês. A chuva deve ficar abaixo da média na enorme maioria dos estados do país, mas seguirá muito acima da climatologia histórica no Rio Grande do Sul com excesso de precipitação.

O mapa acima mostra a projeção quinzenal de anomalia de precipitação do modelo de clima norte-americano CFS em que se observa a tendência de chuva escassa e inferior aos valores climatológicos em grande parte do Centro-Sul do Brasil enquanto entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul o sinal é de chuva muito acima da média.

No Rio Grande do Sul, a chuva durante esta segunda quinzena de setembro pode ter excessos principalmente no Oeste e no Sul do estado, embora não se afasta acumulados excessivos localizados em outros regiões por convecção (tempestades). Sob ar mais quente, o risco de temporais fortes a severos com chuva forte, raios, ventania e granizo vai aumentar durante esta segunda quinzena de setembro, em particular no Rio Grande do Sul.

Temperatura na segunda quinzena

Desenha-se uma segunda metade de setembro por demais quente e em alguns locais com uma média quinzenal muitíssimo acima dos padrões históricos desta época do ano com um número altíssimo de dias de calor muito intenso a extremo.

O mapa acima mostra a projeção quinzenal de anomalia de temperatura do modelo de clima norte-americano CFS em que se constata a tendência de grande parte do Centro-Sul do Brasil ter uma segunda quinzena muito quente e altíssima frequência de calor.

O Rio Grande do Sul, por chuva e a posição mais ao Sul, vai escapar da altíssima frequência de dias de calor excessivo do Sudeste e do Centro-Oeste, o que não deve ocorrer com o Paraná, mas mesmo assim serão registrados alguns dias de calor excessivo no estado gaúcho com marcas que devem ficar entre 35ºC e 40ºC em pleno setembro.

O calor será enorme no Centro-Oeste e no Sudeste. Em São Paulo, em particular, o calor nesta segunda metade de setembro será impressionante. Embora extremos de calor não sejam incomuns nesta época na capital e no interior paulista, vai fazer muito mais calor que o habitual.

Serão muitos dias de calor intenso a extremo no estado de São Paulo. Em alguns, a temperatura ficará perto ou acima de 40ºC no interior e na capital há chance de marcas tão altas quanto 37ºC a 38ºC. Assim, não se pode descartar que a cidade de São Paulo e outras tenham recordes históricos de máximas, seja para setembro ou talvez até anuais.