O sol voltou, a chuva caiu ainda em algumas cidades mais a Leste sem grandes volumes, e foi possível avaliar melhor nesta quinta-feira as consequências do ciclone extratropical que castigou Santa Catarina na primeira metade da semana com saldo de três mortos, além de muitos prejuízos materiais em consequência da chuva que causou deslizamentos de terra, desmoronamentos e enchentes.
Na madrugada, o nível do Rio Tubarão ultrapassou os 7 metros acima do normal, o que provocou pontos de alagamento até mesmo nas áreas centrais da cidade. Os bairros mais baixos foram impactados já ao longo da quarta-feira. De manhã, as águas começaram a baixar, mas ainda há pontos de inundação. O Corpo de Bombeiros Militar atendeu mais de 180 ocorrências relacionadas a alagamentos apenas em Tubarão. Há casos ainda de pequenos deslizamentos.
A cidade de Tubarão não registra vítimas fatais. “É impressionante o que nós vimos. Agora é fazer as contas e levantamento dos estragos. Deus foi muito generoso conosco, pois os danos materiais pela cidade são imensos, mas felizmente não tivemos a perda de vidas a exemplo do que ocorreu no vendaval de 2016”, afirma o prefeito Joares Ponticelli.
Na Região da Amurel (Associação dos Municípios da Região de Laguna), foram registradas ocorrências em 15 dos 18 municípios, segundo o Corpo de Bombeiros.
Em todo o estado, a Defesa Civil de Santa Catarina aponta até o momento 115 municípios com ocorrências relacionadas às chuvas. Há também três óbitos confirmados: dois no município de São Joaquim e um no município de Urubici.
VÍDEO | Imagens aéreas mostram o impacto da chuva e das enchentes na região de Laguna. Grande quantidade de detritos trazidos pela vazão das enchentes foi parar no oceano e nas praias. Há muitas áreas alagadas. 📷 Laguna AeroImagens. pic.twitter.com/S5tmurjG7K
— MetSul.com (@metsul) May 5, 2022
A situação do município de Anitápolis, localizado na Grande Florianópolis, ainda é crítica após as fortes chuvas que atingiram a região e se estenderam até hoje. Devido às inundações, deslizamentos e estragos em várias regiões da cidade algumas famílias seguem ilhadas na zona rural.
Estradas para o interior continuam obstruídas, o que impede as equipes de resgate de chegar até as famílias. Uma força-tarefa de cidades próximas, Defesa Civil de Santa Catarina, governo do Estado, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros foi montada. Desde o início da tarde os bombeiros tentam chegar por terra até as comunidades rurais ilhadas, informou o ND+.
Os volumes de chuva em algumas cidades catarinenses apenas nos primeiros quatro dias de maio foram duas a quatro vezes maior que a média mensal. Os acumulados no mês até agora, conforme dados do Ciram, são de 409 mm em São Martinho, 307 mm em Braço do Norte, 296 mm em Rio Fortuna, 288 em Mirim Doce, 273 mm em Florianópolis (Campeche), 269 mm em Tubarão e Siderópolis e 255 mm em São Joaquim, dentre as muitas medições acima de 200 mm. O ciclone responsável pela chuva extrema se afasta do Sul do Brasil e vai dar lugar a muitos dias de sol.
Já são contabilizados 7.100 desalojados e 518 desabrigados e um total de 44.000 pessoas afetadas, conforme dados informados pelas coordenadorias municipais de Proteção e Defesa Civil. Até o momento, nove municípios emitiram Decretos de Situação de Emergência: Tubarão, Orleans, Forquilhinha, Urubici, Maracajá, Araranguá, São Joaquim, Lages e Laurentino.