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Famílias são resgatadas pelo Corpo de Bombeiros na rodovia João Alfredo Rosa, no bairro Bom Pastor, durante as inundações que atingiram a cidade com a enchente nesta quarta-feira | MAURICIO VIEIRA/SECOM/GOVERNO DE SANTA CATARINA

A situação se deteriorou muito hoje em Santa Catarina com transtornos em várias regiões em consequência da chuva excessiva que dura vários dias. Eram muitas as ocorrências de deslizamentos de terra, inundações, cheias de rios, quedas de barreiras e problemas em rodovias.

As regiões mais castigadas eram o Meio-Oeste, o Sul, a Grande Florianópolis e o Vale do Itajaí. Os rios que mais preocupavam e apresentavam cheias, com alagamentos e inundações em diversas cidades, eram o Rio do Peixe, Tubarão, Araranguá e Itajaí-Açu.

No total, 26 municípios relataram ocorrências que vão de alagamentos, deslizamentos, queda de árvores e muros, a desmoronamentos. Os municípios catarinenses notificaram mais 10 mil pessoas afetadas à Defesa Civil Estadual. Foram confirmadas duas mortes no final da tarde da terça-feira, em São Joaquim, na Serra Catarinense.

O Corpo de Bombeiros Militar atua em diversas cidades em ocorrências de resgate de pessoas, de desobstrução de rodovias, corte de árvore e ainda no monitoramento de locais em que há alto risco de deslizamentos. O governado de Santa Catarina ativou a Sala de Situação da Defesa Civil estadual já ontem pela emergência meteorológica.

Houve ainda significativo aumento dos níveis dos rios, chegando em situação de alerta para inundação nas regiões do Litoral Sul, Planalto Sul (com destaque para a Bacia do Rio Tubarão), Oeste e Meio-Oeste. A Defesa Civil recomenda cautela e cuidados redobrados, não transitar em pontes e pontilhões submersos, estar atento a qualquer movimentação de massa de terra, postes inclinados e rachaduras nas paredes.

A situação é descrita como crítica no município de Orlean, que decretou emergência hoje. As aulas foram suspensas até segunda-feira. Em Tubarão, o comércio foi fechado e as escolas não funcionaram. Forquilinha foi outro município que decretou emergência com dezenas de pessoas desalojadas. Alagamentos atingem ainda muitas cidades do Sul catarinense, no Vale do Rio do Peixe e no Vale do Itajaí, além da Grande Florianópolis.

Bombeiros realizam resgates de botes durante a enchente em Maracajá | DIVULGAÇÃO

Dia foi de intenso trabalho para o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil em Tubarão com dezenas de resgates de moradores feitos com botes nas ruas da cidade | MAURICIO VIEIRA/SECOM/GOVERNO DE SANTA CATARINA

Chuva passa de 300 mm em pontos do Sul de Santa Catarina e causa muitas inundações | MAURICIO VIEIRA/SECOM/GOVERNO DE SANTA CATARINA

Barcos e caiaques usados no resgate de pessoas ilhadas pela enchente em Santa Catarina nesta quarta-feira | 15ºBBM/DIVULGAÇÃO

Crianças são resgatas na enchente que isola comunidades inteiras e deixa muitas pessoas ilhadas em diversos municípios catarinenses | 15ºBBM/DIVULGAÇÃO

Nível do Rio Tubarão subiu muito durante o dia, desabrigou dezenas de pessoas e colocou a cidade do Sul catarinense em alerta | PREFEITURA MUNICIPAL DE TUBARÃO

A Defesa Civil de Santa Catarina determinou o fechamento das comportas da barragem de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí. O comando para a operação ocorreu às 11h06 após reunião ampliada que envolveu as autoridades. A barragem está em operação desde 1976 e sua principal função é a contenção de cheias.

Mais de 3 mil pessoas estão desabrigadas e desalojadas em consequência da chuva excessiva e das enchentes em Rio do Sul. Dados da Defesa Civil mostram que o nível do Rio Itajaí-Açu passou da marca dos 9 metros. As autoridades contabilizam 3.374 pessoas entre desalojados e desabrigados.

Volumes de chuva

A chuva foi forte ainda nesta quarta-feira em vários pontos de Santa Catarina com a atuação do vórtice (rosca) do ciclone que estava sobre o continente e o aporte de umidade do mar para o continente do sistema na costa.

A umidade vem do mar com o vento, alcança a barreira dos morros e montanhas, ascende na atmosfera a encontra camadas mais frias, condensando-se na forma de chuva. É o que se denomina de chuva orográfica, associada ao relevo e que não raro traz acumulados de precipitação extremamente altos.

Os acumulados de chuva em 96 horas até o fim da tarde de ontem em Santa Catarina, de acordo com dados de estações do Cemaden, atingiam 346 mm em Orleans, 341 mm em Rio Fortuna, e 322 mm Santa Rosa de Lima e Grão-Pará.

Já estações do Ciram acusavam 294 mm em Urussanga, 290 mm em Mirim Doce e 267 mm em Siderópolis. Muitas dezenas de cidades estavam com acumulados acima de 200 mm no período, como Florianópolis que somava 255 mm no Sul da ilha, em Campeche.

Tempo melhora nesta quinta-feira

A noite desta quarta e as primeiras horas da quinta-feira ainda são de atenção no Sul e no Leste de Santa Catarina ante o risco de chuva forte a torrencial em diferentes pontos pelo vento que sopra do quadrante Leste com forte intensidade e que, carregado de umidade que vem do mar, ao encontrar o relevo da Serra do Mar gera chuva orográfica que pode localmente trazer volumes de chuva muito altos em curto período.

No decorrer desta quinta-feira, à medida que o ciclone extratropical se afasta, o tempo firma na maior parte de Santa Catarina com chance de instabilidade isolada e passageira apenas mais a Leste. Na sexta-feira e nos dias seguintes, o tempo aberto com sol será a condição dominante, o que vai permitir o retorno para casa de muitos desalojados, uma vez que as águas dos rios vão começar gradualmente a baixar.