Os mapas de anomalia de temperatura mínima e máxima do mês de janeiro do Instituto de Pesquisas Espaciais, INPE, mostram claramente que tanto as manhãs, quanto as tardes foram bem mais quentes que o normal do Rio Grande do Sul. O desvio foi maior na temperatura máxima, com até 5°C acima da média histórica no Noroeste. Com isso, a temperatura ficou mais alta que o normal no turno das tardes em todo o Estado. As tardes, em geral, foram de índices de umidade muito baixos o que acentuou o aquecimento diurno com sequência longa de marcas muito altas.
Ao contrário de outros anos, praticamente metade dos dias desse primeiro mês de 2022 foi escaldante por conta da onda de calor extrema e histórica. Essa condição climática afetou o Estado, principalmente, entre os dias 12 e 26, segundo dados das estações centenários do Instituto Nacional de Meteorologia. Na rede do INMET foram 13 dias consecutivos em que as máximas bateram em 40ºC.
Calorão acima da média
No dia 12, fez 41,5ºC em Quaraí. No dia seguinte, Bagé atingiu o recorde de 110 anos com 41,7ºC e 40,8ºC dia 14. O município de Uruguaiana teve 40,6ºC de temperatura no dia 15. Uma marca baixa em comparação com a máxima que a cidade alcançou quando registrou 41,8ºC no dia 16.
Em 17, no Vale do Taquari, fez 40,2ºC em Teutônia. Isso foi, praticamente, um grau abaixo do calorão de Santa Rosa, no dia 18, quando fez 41,1ºC. Apesar disso, os 41,5ºC de São Luiz Gonzaga, no dia 19, foram menores que os 42,1ºC em Uruguaiana no dia 20. Uruguaiana voltou a viver dias escaldantes em 21 e 22 de janeiro quando registrou 41,8ºC e 41,6ºC. Assim como São Luiz Gonzaga que, de 23 a 25, chegou aos 42,1ºC, 41,2ºC e 36,6°C. A marca dos 40 voltou a ser vista pelo estado em fevereiro, nesta quinta-feira, 3, com a marca de 39,5º em Campo Bom, no Vale do Sinos.
Por outro lado, as estações automáticas particulares e de outros órgãos apontaram marcas nesta quarta-feira, 2, de 40,7ºC em Parobé, 40,1ºC em Feliz e Lajeado. Sendo assim, o Rio Grande do Sul completou 15 dias seguidos em que as temperaturas máximas no território gaúcho ultrapassaram a marca dos 40ºC. O que, provavelmente, não tenha precedentes desde 1909, quando começaram as meteorológicas regulares no Estado. Neste período houve registros recordes de temperatura e marcas históricas que é quando comparamos a temperatura de um dado dia com as maiores marcas diárias anteriores.
Marcas escaldantes históricas
Que o calor causa enorme desconforto e impacto no dia a dia de nós gaúchos não resta dúvida, agora, se analisarmos de forma técnica o que este período fez com a média da temperatura mensal de janeiro? Como este mês ficará registrado na histórica climática do Rio Grande do Sul? Isso, além dos diversos recordes de temperatura registrados no período como em Uruguaiana, São Luiz Gonzaga, Bagé ou Bento Gonçalves.
Com o método da média compensada, que inclui o registro da temperatura mínima e máxima de uma cidade, é possível concluir que o mês de janeiro de 2022 foi o mais quente dos últimos anos em diversos municípios. Nesse caso, são considerados os municípios com estação meteorológica da rede do INMET.
Na cidade de São Luiz Gonzaga, por exemplo, a média de janeiro de 2022 foi a mais alta desde 1997. Naquele ano, máximas foram de 28,8 e 27,1°C enquanto que o normal para a cidade é de 26°C. Em Bagé, a média do mês passado foi de 26,1°C, maior desde 2011 que foi de 26,4°C. O normal para Bagé é 23,5°C. No norte gaúcho, a média de janeiro, em Passo Fundo, foi de 25,2°C a maior desde 2005, ano de forte estiagem no Estado, que teve 23,4°C. No município de Bom Jesus a média normal é de 19°C e em janeiro de 2022 foi de 21,1°C a maior desde 2019 que registrou 21,8°C. Em Santa Maria a média foi de 26,6°C a maior desde 1997 e 2011 que teve 26,1°C, enquanto que o normal é de 24,9°C.
Verão na capital gaúcha
Em Porto Alegre, o mês de janeiro de 2022 teve 15 dias com temperatura acima de 35°C segundo registro da estação convencional do INMET no bairro Jardim Botânico. No ano de 2021 a temperatura alcançou 35°C em apenas quatro dias, ou seja, os dias muitos quentes em Porto Alegre mais que triplicaram do ano passado para cá. A maior máxima do mês foi de 40,3°C no dia 16, a quarta maior marca de temperatura de sua serie histórica de 120 anos.
Pelo método de temperatura média compensada foi o janeiro mais quente desde 2019 com média mensal de 26,4°C enquanto que o normal é de 24,7°C. A média da máxima de 33,1°C foi a maior desde 2014, ou seja, foi o mês com tardes mais quentes dos últimos 8 anos. Já a temperatura mínima média foi a maior desde 2019 de 21,8°C.