Membros da família ajudam na limpeza de destroços em busca de dez pessoas desaparecidas da área do município de KwaNdengezi, fora de Durban, depois que suas casas foram varridas por chuvas devastadoras e inundações. A polícia, o exército e as equipes de resgate voluntárias ampliaram a busca por dezenas de desaparecidos após a tempestade mais mortal que atingiu a cidade costeira de Durban, na África do Sul, que deixou mais de 400 mortos. | PHILL MAGAKOE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

As autoridades sul-africanas avaliavam nesta terça-feira os danos causados pelas inundações que deixaram pelo menos 448 mortos no país e declararam estado de catástrofe nacional uma semana após o início das tempestades na costa leste.

Vários ministros viajaram hoje para Durban, o epicentro das inundações, para inspecionar escolas, hospitais e infraestruturas afetadas. Na véspera, o presidente Cyril Ramaphosa referiu-se a um “desastre humanitário que requer intervenção maciça e urgente” e declarou estado de catástrofe nacional, o que permitirá uma liberação excepcional de recursos.

As fortes chuvas e os deslizamentos de terra deixaram uma paisagem apocalíptica ao redor da cidade portuária de KwaZulu-Natal(KZN) com estradas destruídas e pontes desmoronadas. Um alto funcionário do governo local informou que cinco corpos foram recuperados nesta terça-feira, elevando o número de mortos para 448.

Muitos moradores estão sem água potável há oito dias, pois quase 80% da rede está fora de serviço, segundo as autoridades locais. Caminhões-cisterna tentam levar água à população, mas algumas áreas continuam inacessíveis.

As autoridades disseram que restabeleceram a energia na maioria das áreas afetadas, mas o país enfrenta novos apagões impostos pela estatal Eskom, cuja infraestrutura precária é incapaz de atender às necessidades do país.

O porto de Durban, um dos principais terminais marítimos da África e centro da atividade econômica do país, foi gravemente afetado. O acesso por terra foi reduzido devido aos danos registados na rota que liga o porto ao resto do país. O fornecimento de combustível e alimentos foi interrompido. Além disso, as instalações de várias empresas foram destruídas.

As autoridades afirmam que os danos serão substanciais. Um cálculo inicial para os reparos da infraestrutura rodoviária alcança 382 milhões de dólares. O governo anunciou na semana passada a entrega de um fundo de emergência de 68 milhões de dólares para a região, que já sofreu uma destruição maciça em julho durante uma onda de tumultos e saques.

As chuvas deram uma trégua desde o fim de semana, e praticamente não houve precipitação durante a noite de segunda-feira, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. As equipes de resgate continuam mobilizadas, pois dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas. A esperança de encontrar sobreviventes é pequena.

Cerca de 10.000 soldados, bombeiros e eletricistas foram enviados às áreas afetadas para ajudar. O apoio aéreo para o transporte de mercadorias também está sendo intensificado e sistemas de purificação de água e barracas serão instaladas para os desabrigados.

Nos necrotérios, as autoridades tentam agilizar as necrópsias das vítimas devido ao afluxo de cadáveres. Pelo menos 270.000 alunos não puderam voltar às aulas após o feriado da Páscoa, uma vez que mais de 600 escolas foram afetadas.

“O valor preliminar (dos danos) é de 442 milhões de rands (US$ 30 milhões), e isso está relacionado apenas à infraestrutura. Muitas coisas foram danificadas nas escolas”, disse a ministra da Educação, Angie Motshekga. Além disso, quase 4.000 casas foram destruídas e mais de 13.500 danificadas.

Cerca de 40.000 pessoas tiveram que deixar suas casas. A África do Sul, que enfrenta um desastre natural sem precedentes, não costuma sofrer com o mau tempo que atinge regularmente seus vizinhos, como Moçambique e Madagascar.