Um morador do assentamento na estrada Quarry, nos arredores de Durban, observa os estragos das inundações catastróficas que destruíram muitas casas e infraestrutura na semana passada. A África do Sul enviou 10.000 soldados hoje para ajudar a restaurar a energia e a água e procurar 63 pessoas que continuam desaparecidas depois que tempestades mortais atingiram sua costa Leste. | RAJESH JANTILAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma semana depois do início das inundações na África do Sul que deixaram 442 mortos, os habitantes da costa de Durban, no Oceano Índico, continuavam sem água e luz nesta segunda-deita. Após as fortes chuvas que atingiram durante uma semana a província de KwaZulu-Natal, o exército sul-africano anunciou nesta segunda-feira que mobilizará 10.000 soldados para as buscas, operações de limpeza, transporte de equipamento e ajuda humanitária.

A chuva deu uma trégua desde domingo, mas milhares de pessoas perderam tudo quando suas casas foram inundadas. Caminhões-pipa trabalham na distribuição de água, mas há localidades com difícil acesso devido a ruas bloqueadas e pontes derrubadas.

Segundo o prefeito da cidade, Philani Mavundlda, cerca de 80% da rede de distribuição de água potável está fora de serviço e sua retomada deve levar um tempo. O exército anunciou a mobilização de 10.000 soldados, incluindo bombeiros e eletricistas. O exército fornecerá apoio aéreo e colocará em serviço sistemas de purificação de água.

Tendas serão instaladas para fornecer abrigo de emergência àqueles que ficaram sem teto. Tropas com helicópteros já vinham atuando nos últimos dias ao lado da polícia e dos socorristas nas operações de emergência. Os socorristas seguem em alerta, “mas as operações de resgate já terminaram. Agora são de busca e recuperação”, explicou à AFP Dave Steyn, coordenador de uma das equipes.

Uma semana depois do início da catástrofe, as possibilidades de encontrar sobreviventes são mínimas. Alguns corpos arrastados pelas correntes foram encontrados em barragens. Uma mulher e seus três filhos foram encontrados mortos depois que o carro em que estavam foi arrastado pela água, segundo a mídia local.

Funerais foram organizados em toda a cidade. As autoridades tentam aceleram o trabalho de necrópsia, uma vez que os necrotérios enfrentam um afluxo importante de corpos. Nas praias de Durban, que costumam ficar tomadas por famílias e turistas, as águas claras e azuis se transformaram uma lama marrom, cheia de escombros.

Moradores observam uma ponte desmoronada ao Norte de Durban. As vítimas das piores inundações já registradas na África do Sul clamaram por socorro quando o número de mortos pelo desastre que atingiu a cidade costeira de Durban passa de 450. As mais fortes chuvas em ao menos seis décadas causaram estragos em Durban e região, destruindo casas e infraestrutura. | MARCO LONGORI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Amanhã, as crianças deveriam voltar às aulas depois do feriado da Páscoa, mas as autoridades informaram que ao menos 270.000 crianças não poderão retornar devido aos danos nas instituições de ensino.

Segundo o balanço das autoridades, mais de 4.000 casas ficaram destruídas e 13.500 foram danificadas. Muitos hospitais e mais de 550 escolas foram afetadas. “Serão necessários bilhões para reconstruir a província após este desastre”, disse o ministro-chefe da província, Sihle Zikalala.

Nos últimos dias, ministros, chefes tradicionais, o rei zulu Misuzulu Zulu e o presidente Cyril Ramaphosa foram aos locais afetados para avaliar a extensão dos danos e apoiar as famílias das vítimas. Em questão de segundos, algumas famílias perderam vários de seus membros para as enchentes. Crianças e bebês se afogaram ou foram soterrados por deslizamentos de terra. Muitos ainda estão desaparecidos.

Os serviços de emergência permanecem em alerta, mas recebem menos ligações. “O número (de ligações) ligado às inundações diminuiu”, disse à AFP Robert McKenzie, membro das equipes de resgate. Os apelos à oração se multiplicaram durante os encontros religiosos deste domingo de Páscoa.

“Enviamos nossas mais profundas condolências às famílias que perderam um ente querido. Que Deus todo-poderoso enxugue suas lágrimas”, disse a vice-ministra de Assuntos Sociais, Hendrietta Bogopane-Zulu, que visitou a área.

Casa destruída depois das fortes chuvas e ventos em Durban com inundações e deslizamentos de terra após tempestades atingirem a cidade portuária sul-africana e a província de KwaZulu-Natal. RAJESH JANTILAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um morador do município de Umlazi observa contêineres que caíram em uma instalação de armazenamento após fortes chuvas e ventos em Durban. Dias de chuva inundaram várias áreas e fecharam dezenas de estradas em toda a região. | PHIL MAGAKOE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Caminhão-tanque danificado na praia da Lagoa Azul após fortes chuvas e ventos em Durban, em 12 de abril de 20220. Centenas de pessoas morreram em inundações e deslizamentos de terra depois que tempestades atingiram a cidade portuária sul-africana de Durban e os arredores de KwaZulu-Província de Natal, disseram as autoridades. | RAJESH JANTILAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Cerca de 340 representantes de serviços sociais foram mobilizados nas áreas afetadas para oferecer ajuda psicológica às vítimas. As autoridades continuam distribuindo alimentos, uniformes escolares e cobertores. Mais de 250 escolas foram danificadas e mais de 4.000 casas desapareceram.Além disso, 13.500 casas foram danificadas. Os mais atingidos foram os moradores mais pobres dos municípios, os bairros marginais da capital. Casas feitas de chapas de metal ou tábuas de madeira não resistiram, além de terem sido construídas em terrenos propensos a inundações.

Moradores observam uma ponte desmoronada ao Norte de Durban. As vítimas das piores inundações já registradas na África do Sul clamaram por socorro quando o número de mortos pelo desastre que atingiu a cidade costeira de Durban passa de 450. As mais fortes chuvas em ao menos seis décadas causaram estragos em Durban e região, destruindo casas e infraestrutura. | MARCO LONGORI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O governo anunciou uma ajuda emergencial de 63 milhões de euros (um bilhão de rands). Estradas e pontes bloqueadas retardam os esforços de resgate. Embora continuem, há pouca esperança de encontrar os sobreviventes uma semana após o início da catástrofe.

Uma primeira estimativa só para a reparação de infraestruturas rodoviárias chega a cerca de 354 milhões de euros (5,6 bilhões de rands). Um fundo de emergência do governo de 63 milhões de euros (um bilhão de rands) foi liberado. A região já experimentou uma destruição maciça em julho durante uma onda sem precedentes de tumultos e saques.

Nações vizinhas como Madagascar ou Moçambique são regularmente atingidas por tempestades mortais, mas a África do Sul geralmente é poupada desses eventos climáticos extremos.