Moradores observam uma ponte desmoronada ao Norte de Durban. As vítimas das piores inundações já registradas na África do Sul clamaram por socorro quando o número de mortos pelo desastre que atingiu a cidade costeira de Durban se aproxima de 400. As mais fortes chuvas em ao menos seis décadas causaram estragos em Durban e região, destruindo casas e infraestrutura. | MARCO LONGORI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

As inundações devastadoras que atingem a África do Sul há cinco dias causaram quase 400 mortes e deixaram 41 mil afetados, segundo um novo balanço divulgado nesta sexta-feira (15), enquanto a busca pelos muitos desaparecidos continua. A maioria das vítimas foi registrada na região de Durban, cidade portuária de Kwazulu-Natal (KZN) voltada para o Oceano Índico, onde se concentraram as intensas chuvas que começaram no último fim de semana.

“Um total de 40.723 pessoas foram afetadas. Infelizmente, o número de mortos continua aumentando e o último balanço é de 395 mortos”, disse o escritório de gestão de desastres da província de Kwazulu-Natal em comunicado. O governo não deu nenhuma indicação do número de pessoas desaparecidas, mas cinco dias após a catástrofe, os socorristas têm pouca esperança de encontrar sobreviventes.

“A fase intensa do resgate terminou parcialmente. Atualmente nosso trabalho consiste principalmente na recuperação de corpos”, disse à AFP Travis Trower, membro das equipes de resgate. O presidente Cyril Ramaphosa, que esteve em Mpumalanga para a Páscoa, lamentou uma catástrofe “nunca vista antes no país”.

As previsões meteorológicas apontam para tempestades e risco de inundações localizadas no fim de semana da Páscoa. Novas tempestades também devem afetar as províncias vizinhas de Free State (Centro) e Eastern Cape (Sudeste), onde “já foi registrada uma morte”, segundo Ramaphosa.

Casa destruída depois das fortes chuvas e ventos em Durban com inundações e deslizamentos de terra após tempestades atingirem a cidade portuária sul-africana e a província de KwaZulu-Natal. RAJESH JANTILAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um morador do município de Umlazi observa contêineres que caíram em uma instalação de armazenamento após fortes chuvas e ventos em Durban. Dias de chuva inundaram várias áreas e fecharam dezenas de estradas em toda a região. | PHIL MAGAKOE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Caminhão-tanque danificado na praia da Lagoa Azul após fortes chuvas e ventos em Durban, em 12 de abril de 20220. Centenas de pessoas morreram em inundações e deslizamentos de terra depois que tempestades atingiram a cidade portuária sul-africana de Durban e os arredores de KwaZulu-Província de Natal, disseram as autoridades. | RAJESH JANTILAL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

África do Sul enfrenta um dos maiores desastres naturais em décadas com centenas de mortos após chuva extrema no Leste do país que deixou muita destruição na região de Durban | PHILL MAGAKOE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

“Devastação”

As chuvas, que atingiram níveis não vistos em mais de 60 anos, derrubaram pontes e estradas e isolaram grande parte da região costeira do Oceano Índico. Mais de 250 escolas foram afetadas e milhares de casas foram destruídas. Durante a manhã, voluntários com luvas e sacos de lixo começaram a limpar as praias de Durban, que costumam estar cheias de famílias e turistas.

“É minha praia, onde levo meus filhos, onde passamos nossos fins de semana”, explica Morne Mustard, um cientista da computação de 35 anos que é um dos voluntários da popular praia de Umhlanga. Ele sobreviveu à enchente e diz que há “devastação absoluta, um espetáculo horrendo”, listando todo tipo de objetos e detritos carregados pelas águas em direção à praia.

Milhares de pessoas ficaram desabrigadas e as autoridades anunciaram a abertura de cerca de 20 abrigos de emergência, que abrigam mais de 2.100 pessoas. Em algumas áreas, a água e a eletricidade foram cortadas por vários dias. Pessoas desesperadas foram vistas tentando extrair água dos canos destruídos e as autoridades declararam estado de catástrofe.

No dia anterior, houve protestos esporádicos exigindo ajuda. Em comunicado, as autoridades de Durban pediram “paciência”, explicando que os esforços de socorro foram abrandados “devido à magnitude dos danos nas estradas”. As autoridades locais fazem um apelo para doar alimentos não perecíveis, água engarrafada e tudo o que serve para aquece. Também houve saques e imagens de câmeras de vigilância compartilhadas nas mídias sociais mostraram pessoas assaltando as prateleiras dos supermercados.

O Sul da África sofre regularmente tempestades violentas durante a temporada de ciclones, de novembro a abril, mas as a África do Sul geralmente é poupada desses eventos climáticos extremos que se formam sobre o Oceano Índico.