O Rio Grande do Sul teve nesta quinta-feira (11) o quarto dia seguido com tempestades isoladas. A instabilidade mais forte desta vez se concentrou em municípios do Centro para o Oeste do Estado com registro de chuva intenso, vento forte e granizo localizado.

A sequência de dias com temporais teve início na segunda-feira com muita chuva sobre o Extremo Sul gaúcho. Somente entre segunda e terça choveu mais de 150 mm na região do Chuí e Santa Vitória do Palmar. Na terça, granizo de grande tamanho causou danos no Centro-Sul gaúcho. Ontem, vendaval de 120 km/h causou estragos em Capão do Leão e interrompeu a programação de evento agrícola, e ainda se formou um tornado na Lagoa dos Patos.

Nesta quinta-feira, um temporal de verão com chuva intensa atingiu a cidade de Santiago. A forte precipitação causou alagamentos no município e veio acompanhada de muitos raios, granizo isolado e fortes rajadas de vento que chegaram a provocar a queda de árvores. As imagens são do portal parceiro Rafael Nemitz.

As fortes áreas de instabilidade que passaram por Santiago avançaram para a região de Santa Maria, onde choveu muito forte. Os acumulados em alguns bairros da cidade até o final da tarde desta quinta-feira chegavam a 55 mm.

Previsão

A MetSul antecipa que esta sequência de dias de instabilidade com chuva irregular, mas forte a intensa em alguns municípios, com temporais isolados de vento e granizo, deverá prosseguir no Rio Grande do Sul.

A manutenção do ar tropical quente e úmido favorecerá novas ocorrências de chuva forte a intensa localizadas e temporais isolados no Estado nesta sexta e durante o fim de semana. Nesta sexta-feira (12), cresce a possibilidade de chuva em Porto Alegre e na área metropolitana, regiões que nesta semana têm sido poupadas até agora da instabilidade mais forte.

Entenda a chuva e os temporais de verão

Diferentemente de uma frente fria, que é um sistema meteorológico que se estende por centenas de quilômetros e costuma trazer chuva mais generalizada, ou da instabilidade associada a um sistema de baixa pressão que igualmente afeta uma área mais ampla, tais instabilidades convectivas geradas pelo calor e a umidade são formações locais que ocorrem mais da tarde para a noite. Costumam se formar e se dissipar na mesma região e, se progridem para outras áreas, não avançam muito.

Assim, não é chuva que vem da Argentina ou do Uruguai, como é a regra do imaginário, mas que se forma na própria região. E, devido a sua natureza, são formações isoladas ou muito isoladas.

Por isso, com grande frequência parte de uma cidade pode ter um verdadeiro “dilúvio” com chuva de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora e a poucos quilômetros, muitas vezes dentro da mesma cidade, ou mal chove ou uma gota sequer cai.

Estas formações isoladas que podem trazer chuva forte às vezes chegam com vento forte e queda de granizo, afinal são geradas por nuvens carregadas de grande desenvolvimento vertical e cujos topos alcançam grandes altitudes.

Em dias de muito calor, especialmente com máximas acima de 35ºC, cresce o risco destas pancadas de chuva trazem junto tempestades com vendavais ou granizo.

É importante assinalar, e não nos cansamos de reiterar, que uma vez que estas ocorrências de tempo severo, seja por chuva extrema ou temporais, tendem a ser predominantemente isoladas, não é possível prever que pontos exatamente podem ser afetados com grande antecedência, mas apenas delimitar as regiões de maior risco.

Não raro tempestades severas nesta época do ano atingem apenas parte de uma cidade, na escala de bairros, sem causar qualquer transtorno em outros pontos do mesmo município.

A probabilidade de ocorrência destes eventos de chuva forte ou de temporais pode ser antecipada dias ou horas antes, mas não é possível antever quais cidades serão afetadas porque eventos bastante localizados.

Em municípios de maior dimensão territorial, neste tipo de situação, não raro se observa chuva muito volumosa em um temporal em parte da cidade e em locais não muito distantes dentro da mesma cidade pouco ou nada de chuva.

Os modelos numéricos que geram projeções de volumes, ademais, não conseguem prever exatamente tais eventos de chuva extrema isolados, por isso prevêem volumes de 15 mm a 20 mm para um dia em determinado município e no fim, por um temporal, acaba chovendo 100 mm.

Os meteorologistas que enxergam o cenário macro da atmosfera é que conseguem alertar para este risco de eventos porque não se limitam a observar projeções numéricas de chuva de modelos, atentando para as condições gerais da atmosfera que sinalizam o risco de episódios localizados extremos de precipitação.