A MetSul Meteorologia alerta para a ocorrência de chuva localmente forte a intensa em pontos do litoral de São Paulo nesta segunda metade da semana. O aviso é válido para o Litoral Sul, a Baixada Santista e o Litoral Norte paulista. Temporais passageiros de verão que ocorrem mais à tarde e durante a noite podem trazer acumulados expressivos de chuva para alguns pontos em curto período.

O mapa acima mostra a projeção de chuva para 72 horas, até 21h de sexta-feira, do modelo de alta resolução WRF da MetSul. Trata-se do mesmo modelo que indicou que entre os dias 18 e 19 de fevereiro poderiam ocorrer volumes de até 700 mm entre São Sebastião e Bertioga, o que se confirmou com o desastre da chuva que deixou um saldo de 65 mortos e um desaparecido no Litoral Norte paulista.

Como se observa pela projeção do modelo, neste intervalo de 72 horas, alguns pontos do litoral de São Paulo, de Sul a Norte, pode ter acumulados muito altos acima de 100 mm com risco de muitíssimo isoladamente serem observados volumes tão altos quanto 150 mm a 200 mm.

É absolutamente crucial enfatizar que é cenário meteorológico radicalmente diferente dos dias 18 e 19 de fevereiro. O que se prevê e pode provocar chuva localmente volumosa a excessiva são pancadas e temporais localizados passageiros de verão gerados pelo calor e a umidade, o que é normal e recorrente durante os meses de verão na região. São volumes elevados isolados, pontuais, e que em alguns casos atingem apenas parte de um município.

No fim de semana do evento de chuva extraordinária em fevereiro, havia uma frente fria e um centro de baixa pressão na costa, gerando aporte de umidade do oceano para o continente que levou à chuva orográfica (induzida pelo relevo) com acumulados excepcionais. Nada disso está presente agora.

A previsão da MetSul é que nos próximos dias as condições serão favoráveis para a ocorrência destas chuvas típicas de verão quase todos os dias. Por serem isoladas, pode ocorrer de em um determinado dia cair uma pancada muito forte de meia hora ou uma hora no Guarujá e não chover em São Sebastião ou Ilhabela. Ou chover intensamente em São Vicente e não cair uma gota em Maresias ou Juquehy, para exemplificar como serão episódios isolados de chuva e não um evento mais generalizado de precipitação.

Chuva localmente forte sempre merece atenção nesta região pelo seu relevo, mas passados menos de 15 dias de um evento excepcional de precipitação que deixou o solo extremamente instável qualquer chuva exige cuidados redobrados por parte das autoridades. Isso porque o risco geológico de deslizamentos ainda é muito alto a extremo pelo que choveu entre os dias 18 e 19 de fevereiro e ainda pelas pancadas quase diárias que vem ocorrendo na região desde então.

DG/DEFIS/EU

Imagens de satélite oferecem a dimensão do desastre pela chuva que se abateu sobre o litoral de São Paulo entre os dias 18 e 19 de fevereiro, quando algumas áreas registraram entre 600 mm e 700 mm em menos de 24 horas com acumulados de até 400 mm ou mais em menos de seis horas, especialmente entre Bertioga e São Sebastião, os maiores volumes de chuva em curto período já documentados no Brasil. As imagens mostram uma quantidade impressionante de deslizamentos no relevo da região de São Sebastião, sobretudo na Serra do Mar.

O número de mortes confirmadas no Litoral Norte paulista chegou a 65, segundo informações do Corpo de Bombeiros. Foram 64 vítimas em São Sebastião e uma no município de Ubatuba. Foram identificados e liberados para sepultamento os corpos de 55 pessoas – 20 homens, 17 mulheres e 18 crianças.

Forças estaduais e federais seguem atuando na região do desastre | GOVERNO DE SÃO PAULO

Ontem, devido à chuva forte, a rodovia Rio-Santos chegou a ser interditada no Litoral Norte paulista em função de novos deslizamentos de encostas. Com as quedas de barreiras, 38 pessoas de uma equipe de buscas ficaram isoladas e precisaram ser resgatadas com a ajuda de um helicóptero.

Este é o tipo de cenário de risco nesta segunda metade da semana tanto para moradores de áreas de risco que ainda estejam em zonas de perigo na área afetada pelo desastre assim como para as equipes que estão trabalhando na zona assolada pela chuva excepcional de fevereiro.