Sucessivas ondas de calor atingiram a Argentina desde a primavera e fizeram do verão em Buenos Aires o mais quente já observado | ALEJANDRO PAGNI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A cidade de Buenos Aires teve o verão climatológico (trimestre dezembro a fevereiro) mais quente desde que se iniciaram as medições regulares na capital argentina em 1906, divulgou nesta quarta-feira o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN).

O novo ranking de verões mais quentes tem 2022/2023 no alto, em primeiro lugar, com média de temperatura de 25,6ºC. Na sequência, em segundo lugar, aparece o verão de 1988/1989 com temperatura média no trimestre de 25,3ºC. O ranking segue com o verão de 2015/2016 com média de 25,3ºC. A seguir, aparecem os verões de 2016/17 com 25,2ºC e de 20134/2014 com média de 24,8ºC.

Dos cinco verões mais quentes na capital da Argentina, quatro ocorreram nos últimos dez anos. Há uma clara tendência de os verões se tornarem mais quentes na capital da Argentina e os sinais são de que há influência das mudanças no clima induzidas pelo homem pelo aquecimento antropogênico associado aos gases do efeito estufa.

A onda de calor recorde que atingiu o Centro e o Norte da Argentina, Uruguai, o Rio Grande do Sul (Brasil) e o Paraguai no começo de dezembro foi cerca de 60 vezes mais provável devido às mudanças climáticas causada pelo homem, de acordo com um estudo de atribuição rápida divulgado hoje por uma equipe internacional de pesquisadores.

A Argentina tem sofrido com uma incessante sequência de ondas de calor desde o final da primavera. Foram oito ondas de calor entre a primavera e o final de fevereiro. Na última década não se registaram mais do que quatro ou cinco episódios semelhantes por temporada, segundo o Serviço Meteorológico Nacional.

Considerando todos os trimestres de novembro a janeiro registrados pelo órgão oficial, o trimestre de 2022-2023 foi o mais quente desde 1961, com uma anomalia de +1,7ºC. “Uma única onda de calor cai dentro da faixa de variabilidade climática normal. Mas com a mudança climática, ondas mais persistentes e intensas são observadas em todos os continentes. E na Argentina também estão ocorrendo na Patagônia”, explicou o meteorologista Enzo Campetella.