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Maior chuva em um século na Alemanha. Especialistas alertam que eventos extremos de precipitação serão cada vez mais comuns com as mudanças climáticas | Christof Stache/AFP/MetSul Meteorologia

A chuva extrema que atingiu o Oeste da Alemanha e partes da Bélgica com inundações catastróficas e deslizamentos  fugiu completamente do normal e é um evento meteorológico extremamente raro e sem precedentes em muitas décadas na região. Meteorologista do Deutscher Wetterdienst (DWD), o serviço meteorológico alemão, descreveu a precipitação na área ocidental do país como a maior em um século.

Volumes generalizados de 100 mm a 150 mm foram registrados no Oeste da Alemanha em 24 horas entre quarta e quinta-feira. Os volumes são superiores às médias do mês de julho inteiro na região. Colonia, por exemplo, anotou 154 mm em apenas 24 horas, quase o dobro da sua média mensal histórica de precipitação de 87 mm.

Marcas muito superiores foram registrados isoladamente nos estados do Oeste alemão. Na localidade de Reifferscheid, o acumulado de precipitação em apenas nove horas foi de 207 mm, o que acabou produzindo inundações repentinas muito graves na região. Houve medições locais de até 300 mm ou mais.

Uma área de baixa pressão segregada em altitude, conhecida como “baixa fria” posionou-se entre duas massas de ar de bloqueio atmosférico sobre o continente europeu. O centro de baixa pressão em altura sobre o território alemão interagiu com a atmosfera quente e gerou grande convecção com a formação de nuvens muito carregadas que provocaram o episódio de extrema precipitação.

A chuva extrema na Alemanha e na Bélgica deixou oficialmente até o momento 120 mortes confirmadas, mas o número tende a aumentar à medida que prosseguem as tarefas de buscas e resgates. Mais de mil pessoas são dadas como desaparecidas na Alemanha.

Desastre europeu e mudanças climáticas

O número de mortes registradas até o momento na Europa de 120 pessoas em único evento de chuva supera muito a média anual (1990-2019) de mortes por inundações nos Estados Unidos que é de 88 pessoas, de acordo com dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática norte-americana.

O desastre da chuva na Alemanha e Bélgica fez com que diversos cientistas estudiosos das mudanças climáticas alertasse que estes eventos extremos de precipitação tendem a se tornar cada vez mais comuns. “Existe uma clara relação entre precipitação extrema e as mudanças no clima”, disse o professor Wim Thiery da Universidade de Bruxelas para a agência Associated Press.

“Com as mudanças climáticas, o que esperamos é que todos os extremos hidrometeorológicos  se tornem ainda mais extremos”, acrescentou o diretor do serviço Copernicus Carlo Buontempo em entrevista ao The Guardian.

Muitos especialistas, entretanto, recomendam cautela na atribuição tão cedo deste evento de chuva extrema na Europa às mudanças climáticas e ao aquecimento global. Apesar disso, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) enfatizou que “as alterações no clima global já estão trazendo um aumento da frequência de eventos extremos e muitos destes se provaram piores em razão do aquecimento do planeta”.