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O verão que está oficialmente chegando ao fim devido ao equinócio de outono que ocorrerá nesta segunda às 18h25 foi o mais quente dos últimos 3 sob influencia do La Niña. Mapas de anomalia de temperatura máxima do Instituto Nacional de Meteorologia, INMET, mostram que a anomalia mais forte e abrangente no Rio Grande do Sul foi registrada no trimestre de verão DJF de 2023 em comparação a 2022 e 2021 (a direita na imagem).  Em partes da fronteira Oeste e da serra sudeste a temperatura no trimestre chegou a ficar 3°C acima da média, ao passo as anomalias positivas de temperatura de 2021 e 2020 eram mais restritas no território gaúcho e com desvio de 1 a 1,5°C, ou seja, verões que tiveram temperatura mais próxima do normal.

No verão de 2021/2022 a onda de calor histórica de janeiro teve longa sequencia de dias com marcas ao redor e acima de 40°C, contudo, no verão de 2022/23 embora não tenha ocorrido uma onda de calor tão extrema e persistente as ondas de calor foram mais freqüentes e ocorreram em dezembro, janeiro e fevereiro com mais dias de calor intenso , sobretudo, com marcas diárias de 35°C ou mais, no trimestre quando comparado aos anos anteriores.

Com base na análise dos dados da temperatura máxima do Oeste gaúcho registrados pelo INMET, região que teve maior anomalia de temperatura, ou seja, região que foi mais quente que o normal no Estado no trimestre dezembro de 2022, janeiro e fevereiro de 2023 algumas informações são interessantes. Em Quaraí a temperatura não passou de 40°C no verão de 2021, porém teve 40°C ou mais em 8 dias no verão de 2022 e em 9 dias no verão de 2023. Já comparando o número de ocorrência de temperatura máxima acima de 35°C no município em 2023 foram 52 dias, com 42 ocorrências em 2022 e apenas 6 em 2021. Portanto, no verão de 2023 foram 10 dias com calor intenso a mais que o ano anterior. Fazendo uma média simples da temperatura máxima no trimestre de verão dos 3 anos comparados; em 2023 a média foi de 35,1°C, com 34°C em 2022 e 30,6°C em 2021. Com relação a chuva em 2021 choveu 313,4 mm, 2022 teve 221 mm e em 2023 apena 126,6 mm enquanto que o esperado para o período seria de 440 mm. No verão que menos choveu o calor foi muito mais freqüente


Tarde de muto calor e chuva passageira na fronteira Oeste em 28 de janeiro de 2023. Fabian Ribeiro

Analogamente avaliando os dados de temperatura máxima de Uruguaiana, infelizmente há uma falha no registro de dados do verão 2021, mas no verão de 2022 forma 11 dias com temperatura igual ou superior a 40°C com 6 dias de marcas similares em 2023. Já comparando o numero de ocorrências de 35°C ou mais foram 43 dias em 2022 e 48 em 2023. Fazendo a comparação da média simples da máxima do período em 2022 a média foi de 34,8°C, em 2023 foi registrado 34,9°C. Com relação a precipitação acumulada trimestral, 2022 teve 100,6 mm enquanto que 2023 86,6 mm enquanto que o normal para o período seria de 440 mm, ou seja, não choveu nem sequer 20% do esperado.

Ao mesmo tempo em Alegrete só houve máximas acima de 40°C em 4 episódios no ano de 2022, sem registro nos verões de 2021 e 2023. Comparando o numero de ocorrência de máximas ao redor e acima de 35°C forma 4 ocorrências em 2021, 37 em 2022 e 42 em 2023, ou seja, o calor foi mais intenso e freqüente no ultimo verão.  Confrontando os dados médios de temperatura máxima dos trimestres em 2021 a média foi de 30,6°C, com 33,8°C em 2022 e 33,9°C em 2023, ou seja, ligeiramente mais quente no último verão. Em termos de chuva a situação também foi ruim com volumes muito baixos, porém um pouco melhor que Uruguaiana e Quaraí com registro de 328 mm em 2021, 165,8 mm em 2022 e 175 mm em 2023.

Amplo incêndio na reserva do Taim em dezembro de 2022

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portanto, o verão de 2023, o terceiro consecutivo sob a influência do fenômeno climático La Niña, acumulou meses de escassez de chuva o que certamente também contribuiu para que o período fosse mais quente que os verões anteriores. Por outro lado, é importante destacar que apesar da alta freqüência de dias quentes o verão teve períodos de frio, temperatura amena e até geada nos pontos de maior altitude no Estado. E isso preocupa porque se sob La Niña a freqüência de calor foi significativa, o que esperar de um possível verão de 2023/2024 com a possível influencia de um episódio de El Nino? A chuva certamente será mais abundante, mas o calor não será menor.

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