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Outono marca um aumento enorme dos dias com nevoeiro à medida que as noites se tornam mais frias. Dias de frio serão menos frequentes na estação neste ano com previsão de temperatura acima da média na maior parte do outono de 2023. | FERNANDO OLIVEIRA

O outono, que começa às 18h25 desta segunda-feira (20) com o equinócio, caracteriza-se como uma estação de transição do calor do verão para o frio do inverno. A estação começa com o Oceano Pacífico em fase de neutralidade (sem El Niño e La Niña) após três anos consecutivos de atuação do fenômeno La Niña de resfriamento anômalo das águas do Pacífico Equatorial, o que trouxe sucessivos verões de estiagem e de fortes ondas de calor para o Rio Grande do Sul.

O comportamento da temperatura no Oceano Pacífico será determinante para o clima neste outono. Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Já se observa aquecimento das águas do Pacífico nas costas do Peru e do Equador e que tende a se acentuar no decorrer da estação, o que pode levar a um episódio de El Niño no final do outono ou durante o inverno.

O aquecimento das águas do Pacífico Leste, perto da América do Sul, que pode configurar um El Niño costeiro antes de um evento oficial de El Niño, que ocorre no Pacífico Centro-Leste, já deve impactar o clima no Sul do Brasil no decorrer da nova estação, tanto na chuva como na temperatura. Quando esta parte do oceano mais próxima do Peru e do Equador aquece, há uma tendência de aumento da chuva e da temperatura na parte meridional do Brasil.

O outono marca a expectativa pela chegada do frio, mas o começo da estação normalmente ainda tem características térmicas por vezes de verão. A chegada do outono não significa que o calor fica para trás, adverte a MetSul. Alguns dias quentes são normais em abril e maio e devem ocorrer agora em 2023. Mesmo em junho podem ser esperados alguns dias quentes e deve ser o caso também desse ano. Quando há período quente mais prolongado em maio após dias frios há a ocorrência do chamado veranico de maio, mas ele não ocorre todos os anos.

A MetSul espera um outono com predomínio de dias de temperatura acima da média e muitos até quentes para a época do ano. Um outono frio é extremamente improvável. Isso, contudo, não significa que vai deixar de fazer frio. Os episódios de frio é que tendem a ser mais pontuais, eventualmente fortes. A tendência, assim, é que não ocorra frio persistente e muito prolongado neste outono de 2023.

O outono, em regra, possui três períodos. No primeiro, até o fim da primeira quinzena de abril, costumam prevalecer as marcas mais elevadas nos termômetros com períodos esporádicos de calor mais forte. Na segunda metade de abril se dá o segundo, quando a freqüências de dias amenos ou frios aumenta e já podem ocorrer, dependendo do ano, até algumas noites com geada. Este período perdura até a metade de maio, quando tem início o terceiro com características climáticas já próximas daquelas observadas no inverno.

Outra marca do outono é a grande diferença de temperatura da noite pro dia. “Trata-se de um dos períodos do ano com maior amplitude térmica e que também proporciona um aumento nos dias de nevoeiro, especialmente a partir de maio”, destaca a meteorologista Estael Sias.

Com freqüência, sob condições de céu limpo e ar seco, a temperatura pode variar até 20ºC ou mais no mesmo dia, o que força o uso de roupas mais pesadas no começo da manhã e vestuário mais leve no período da tarde.

O Oeste e o Sul do Estado têm maior propensão a sofrer influência de massas de ar frio durante a estação. Comum no outono é a ocorrência de bruscas mudanças de temperatura. “Muitas vezes na estação frentes frias avançam e as marcas nos termômetros que podem estar acima de 30ºC imediatamente antes da chegada da frente podem cair para valores abaixo de 10ºC em poucas horas”, destaca Estael Sias.

Estas mudanças não raramente são acompanhadas de vento forte do quadrante Oeste, do tipo Minuano, quando da presença de um ciclone mais intenso no Atlântico.  O vento forte costuma vir com ciclones extratropicais (sistemas de baixa pressão), fenômeno que se torna mais frequente justamente a partir do outono e que impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil.

As rajadas quando há ciclones costumam variar, em média, entre 50 e 100 km/h, dependendo do posicionamento do sistema de baixa pressão. Em alguns casos mais extremos, as rajadas ultrapassam 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho com fortes ressacas do mar na costa, danos e falta de energia.

O outono caracteriza-se ainda por uma mudança no regime de chuva. Enquanto no verão as precipitações se originam mais de nuvens carregadas que se formam pelo calor e a umidade alta, a partir do outono a chuva passa a ter como causa principal a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão. Em junho, não raro, se produz a atuação de frentes quentes, muito menos comuns aqui que as frentes frias e que quando ocorrem trazem altos volumes de chuva e ainda temporais com muitos raios e, principalmente, granizo.

O outono é a época do ano com menor frequência de temporais no território gaúcho, mas esses ocorrem em qualquer época do ano. Tempestades se dão no outono principalmente quando há bruscas trocas de massas de ar e podem ser até muito severas e com danos, inclusive com histórico de tornados, especialmente na passagem de frentes frias ou por centros de baixa pressão. Frentes quentes, especialmente em junho, igualmente costumam gerar tempestades,

Quanto à chuva, observam os meteorologistas da MetSul, a expectativa é que o outono deste ano seja marcado por precipitações irregulares com períodos chuvosos e outros de tempo seco. A chuva, porém, deve começar a aumentar mais em muitas áreas do Sul do Brasil à medida que o Pacífico aquece.

Muitos modelos climáticos sinalizam uma estação ainda seca e de chuva abaixo da média, mas o entendimento da MetSul Meteorologia não é de um outono muito seco. Projetamos que haverá um aumento na frequência e nos volumes de chuva no decorrer da estação.

Adverte-se, inclusive, para o risco de episódios pontuais de chuva volumosa e excessiva com altos acumulados, sobretudo a partir de maio. A possibilidade destes eventos de chuva mais volumosa e até extrema cresce especialmente à medida que se aproxima o inverno. Tais episódios podem gerar inundações, alagamentos e mesmo cheias de rios com enchentes.