A fumaça de incêndios florestais no Oeste dos Estados Unidos e no Oeste do Canadá já chegou ao Ártico. É o que mostra uma imagem do satélite europeu Sentinel 5-P divulgada hoje pela Adam Plataform. O material particulado resultante dos incêndios está no Círculo Polar Ártico sobre o Norte do Canadá, transportado por correntes de vento em grande altitude, as famosas correntes de jato.

Fumaça de incêndios florestais nos Estados Unidos alcançou o Círculo Polar Ártico | Adam Plataform

A NASA, a agência espacial norte-americana, também divulgou imagens nesta terça-feira do VIIRS (Visibile Infrared Imaging Radiometer Suíte) a bordo do satélite NOAA-20 mostrando a fumaça cobrindo a América do Norte.

Plumas de fumaça se espalharam pela província canadense de Ontário devido a incêndios que ocorrem na fronteira com a província de Manitoba. A fumaça chegou a estados do Norte dos Estados Unidos como Minnesota, Dakota do Norte e Dakota do Sul.

Fumaça de incêndios entre o Canadá e o Norte dos Estados Unidos | NASA

Alertas de má qualidade do ar chegaram a ser emitidos pelo Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos. A fumaça, ademais, realçou as cores no céu em horas do amanhecer e no fim da tarde.

Raios sobre o gelo no Ártico

Se não bastasse a fumaça, as últimas horas tiveram a ocorrência de raios sobre a grande massa de gelo nos mares de Chukchi e Beaufort em pleno Oceano Ártico, o que espantou os especialistas.

Raios sobre a massa de gelo no Oceano Ártico chamou atenção dos experts nas últimas horas | Rick Torman/UAF

A temperatura na extremamente fria localidade de Deadhorse, no estado norte-americano do Alasca, chegou ontem a 23,3ºC. De acordo com boletim divulgado pelo escritório de Fairbanks do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, evento de raio tão ao Norte, a Leste de Barrow, somente ocorrem a cada cinco ou dez anos.

Os raios numa região em que descargas elétricas são absolutamente incomuns pelo clima frio ocorreram em razão do avanço de uma massa de ar mais instável a partir da Sibéria e que foi impulsionada por um profundo centro de baixa pressão, uma tempestade, mais ao Norte e perto do polo. Entre 100 e 200 raios foram registrados na região por sensores.

Fumaça, raios e mudanças climáticas

Cientistas vem observando um aumento na ocorrência de raios na região do Ártico por conta das mudanças climáticas e o aquecimento global. O Ártico está aquecendo numa velocidade três vezes maior que a média do resto do mundo.

Com a temperatura mais alta e dias quentes para a região no verão, tempestades de raios antes muito incomuns sobre áreas com massas de gelo passaram a ficar mais freqüentes.

No mesmo processo de mudanças climáticas, o Oeste dos Estados Unidos está cada vez mais seco e enfrenta ondas de calor excepcionais. Uma no final de junho que atingiu o Noroeste norte-americano foi descrita como “virtualmente impossível” de ocorrer por exercício de rápida atribuição a partir da estatística história. Os cientistas concluíram que o tempo de recorrência de uma onda de calor como a que se testemunhou seria de milhares de anos.

O clima cada mais seco, que traz uma seca severa a excepcional de dois anos no Oeste dos Estados Unidos, favorece ondas de calor extremas e que nos últimos dias foram responsáveis por elevar a temperatura a 54ºC. Tempo seco e calor extremos juntos favorecem incêndios florestais. O jornal inglês The Guardian de hoje chega a afirmar que o Oeste norte-americano está preso em um ciclo de seca, calor e fogo.