Bombeiros de Gran Canárias/Divulgação

Bombeiros, brigadistas e voluntários realizam um esforço heroico em meio aos rios de lava da erupção do vulcão Cumbre Vieja para salvar animais do avanço do magma. Não são apenas animais domésticos que foram deixados para trás, mas também o gado da região atingida pela fúria da natureza vinda do fundo da Terra.

A Guarda Civil explicou que muitos vizinhos que viviam perto do vulcão tiveram de abandonar rapidamente as suas casas e não puderam retirar os animais domésticos ou dos quintais. “Continuamos encontrando galinhas e cachorros perdidos na estrada”, informou o porta-voz.

Atualmente, “como o processo de fluxo de lava é mais lento, isso permite que as pessoas possam ir até suas casas recolherem seus pertences escoltadas por um segurança ou órgão de emergência”. Quanto aos animais, a Guarda Civil afirma que galinhas, cães e gatos ainda são encontrados principalmente em casas e fazendas abandonadas e também perdidos nas estradas.

Bombeiros de Gran Canárias/Divulgação

Após os resgates, os animais são levados para a base de Proteção Civil e Socorro de Emergência em El Paso. Lá, cães, gatos, coelhos, cabras, ovelhas, pássaros, papagaios, tartarugas, galinhas e até furões são cuidados até que seus donos sejam localizados.

Caso isso não aconteça, procura-se encaminhar o máximo possível para veterinários, lares adotivos ou abrigos, por não disporem de espaço e recursos suficientes. “Precisamos, acima de tudo, de transportadores e de pessoas que queiram acolhê-los temporariamente”, apela o mantenedor do abrigo temporário.

Veículos com materiais doados por moradores da ilha ou de donos procurando um animal perdido não param de entrar e sair do abrigo. “As pessoas já tiveram que sair de casa e é super doloroso. E muitos com muita pressa, sei que é complicado, mas muitos deixaram os bichos para trás. Eu entendo a situação”, reflete o gerente.

Antes da erupção já existia um plano de contingência para abrigar os animais. Foi estabelecido um protocolo para acolhimento dos bichos organizado pela Associação de Veterinários de Santa Cruz de Tenerife. Em nota, a entidade colegiada lembrou que, antes do Cumbre Vieja passar a expelir lava, foi estabelecido um plano prevendo exatamente o que ser feito com os animais e caso eles não pudessem estar com seus proprietários assim como estratégias de realocação no caso do gado.

A erupção do vulcão Cumbre Vieja ganhou muito força a partir da noite da quinta-feira e a sexta foi marcada por fortes explosões. Colapsou parte do cone do vulcão em La Palma, nas Ilhas Canárias. A informação foi confirmada pelo comitê científico local e pelas autoridades espanholas. Não há qualquer risco de tsunami ou para o Brasil em razão do colapso de parte da estrutura do vulcão que não registra uma erupção catastrófica.

O anúncio de ruptura parcial do cone vulcânico ocorreu pouco depois de o Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcan) anunciar a abertura de uma nova fonte emissora de lava.

O foco de emissão está localizado mais a Oeste do foco principal, afirma o órgão científico, ligado ao governo de Tenerife. Esta nova fonte se soma às duas novas bocas eruptivas que se abriram na sexta-feira e que obrigaram a evacuação dos moradores que ainda permaneceram em três das áreas mais ameaçadas.

O vulcão está ativo desde o último domingo e até agora forçou a evacuação de cerca de 6.000 pessoas, depois de destruir casas, plantações e infraestrutura. O Instituto Geológico a Espanha afirma que os rios de lava percorreram cerca de um quilômetro descendo a encosta antes de se expandir e engrossar a massa de lava que já escoou pelo terreno, avançando a uma velocidade de cerca de 60 a 80 metros por hora.

O comitê científico do Plano Especial de Proteção Civil contra Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca) recomendou já ontem a evacuação de Tajuya, Tacande de Arriba e Tacande de Abajo por temer que o cone do vulcão desmoronasse em meio a um episódio explosivo de lava sem precedentes desde que começou a erupção.