Estado norte-americano da Califórnia saiu de uma seca excepcional para um evento de chuva extrema que traz inundações e deslizamentos com a atuação de um ciclone bomba no litoral do Noroeste dos Estados Unidos e um rio atmosférico poderoso vindo do Oceano Pacífico | JUSTIN SULLIVAN/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Sacramento, a capital do estado norte-americano da Califórnia, amargava seca excepcional com recordes de escassez de precipitação. No penúltimo domingo (17), a cidade encerrou uma sequência recorde de 212 dias seguidos sem nenhum registro de precipitação que espantou os meteorologistas.

Foi um mísero 1,3 mm de chuva, mas acabou com o longo período seco jamais visto antes por qualquer morador da cidade. Quando a cidade enfrentou período tão prologado sem chuva antes foi em 1880 e ainda assim inferior aos 212 dias de 2021. Em 1880, Sacramento enfrentou 194 dias consecutivos sem precipitação mensurável, entre 13 de maio e 12 de novembro.

Como na velha expressão popular, a capital da Califórnia saiu do 8 para o 80, da escassez total para o excesso. Ontem, uma semana depois do primeiro registro de chuva depois de 212 dias secos, a cidade registrou um dilúvio.

A chuva acumulada durante o domingo (24) chegou a 138,1 milímetros, recorde de maior precipitação no Centro de Sacramento em 24 horas desde o começo das medições, o que bateu o recorde prévio de maior altura diária de precipitação de 134,1 milímetros.

O que aconteceu?

A Califórnia até semana passada vinha experimentando uma seca severa a excepcional de muitos anos com impressionantes déficits de precipitação que levaram a temporadas recordes de incêndios florestais, reservatórios secos e racionamento do uso de água.

Ocorre que nas últimas 72 horas, o Oeste dos Estados Unidos foi atingido por dois ciclones do tipo bomba que trouxeram chuva e vento. O segundo ciclone bomba, que se formou ontem, foi mais intenso e mais próximo da costa, o que trouxe mais instabilidade. Ainda, formou-se um poderoso rio atmosférico, de categoria 5 que é o máximo da escala, que trouxe enorme quantidade de água do Pacífico para o Oeste norte-americano.

A área de Sacramento e as montanhas de Sierra Nevada, estão sendo atingidas por fortes precipitações e ventos fortes desde ontem como resultado deste poderoso ciclone bomba situado sobre o Pacífico ao Norte da Califórnia e na costa do Noroeste dos Estados Unidos.

A tempestade, alimentada por um rio atmosférico, é classificada como de categoria 5, de acordo com o Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia. Assim como tornados e furacões, as tempestades atmosféricas de rios são classificadas na região em uma escala móvel de intensidade com a Categoria 5 no topo, descrita como “perigosa”.

O Golden Gate Weather Services, com sede na cidade de San Francisco, que mantém o Índice de Tempestades da Bay Area, disse no domingo que esta foi a tempestade mais forte a atingir a área da baía (San Francisco, Oakland e San José) em 26 anos. A área de baixa pressão na costa do Pacífico que ajudou gerar o rio atmosférico é a mais profunda em décadas.

Em artigo, em 2018, o meteorologista Daniel Swain alertava que eventos de precipitação mais extremos como esse provavelmente aconteceriam na costa da Califórnia devido à mudança climática. A chuva extrema que atinge agora o estado norte-americano do Oeste ocorre muito antes da tradicional “estação chuvosa”.