Chamas consomem várias casas enquanto o incêndio em Caldor atingia a área de Echo Summit, na Califórnia, no último dia 30 de agosto. | Josh Edelson/AFP/MetSul Meteorologia

As maiores árvores do mundo estão sendo envoltas em enormes lonas à prova de fogo em um esforço para protegê-las de incêndios florestais que avançam pelo Oeste dos Estados Unidos. Várias dessas sequoias antigas, incluindo a General Sherman, a maior do mundo com uma base de 11 metros de diâmetro, começaram a ser embrulhadas em alumínio para protegê-las das chamas.

Os bombeiros também limparam a área e colocaram máquinas entre as 2.000 árvores do Parque Nacional Sequia, na Califórnia, informaram as autoridades responsáveis pela operação em seu site. “São medidas extraordinárias para proteger as árvores de 2.000 e 3.000 anos de idade. Queremos que façam todo o possível para protegê-las, informou Christy Brigham, porta-voz do parque, segundo o jornal local The Mercury News.

Milhares de quilômetros quadrados de florestas da Califórnia foram carbonizados durante a temporada de incêndios deste ano no estado norte-americano. Cientistas acreditam que o aquecimento global, causado pela ação humana, está por trás da seca excepcional e do aumento das temperaturas que deixaram a região altamente vulnerável a incêndios.

Dois incêndios se aproximaram do parque Giant Forest, onde estão cinco das maiores árvores do mundo, incluindo o General Sherman, de 83 metros de altura. Cerca de 500 bombeiros estavam lutando contra os incêndios ‘Paradise’ e ‘Colony’, que juntos consumiram 38 km² de território desde o início em 10 de setembro.

As enormes árvores são uma grande atração turística, com visitantes que viajam de todo o mundo para se maravilhar com o tamanho dessas espécies extraordinárias. As sequoias gigantes são as maiores árvores por seus troncos largos, mas não são as mais altas do planeta.

As sequoias podem resistir a pequenos incêndios devido à espessa camada natural de seus troncos e, de fato, as chamas são aliadas no processo de reprodução, pois o calor estimula a dispersão das sementes, mas os incêndios violentos e mais quentes que assolam o oeste dos Estados Unidos representam um perigo para essas espécies porque o fogo é capaz de consumi-las.

Incêndios cada vez piores na Califórnia

Todos, exceto 3 dos 20 maiores incêndios florestais da história do estado norte-americano da Califórnia ocorreram desde o ano 2000, sendo que três destes incêndios florestais enormes ocorreram apenas em 2021, de acordo a Cal Fire. As temporadas de fogo de 2020 e 2021 são disparadas as piores da história e juntas resp0ndem por grande parte da área queimada no estado neste século.

Os incêndios Dixie e Caldor deste ano, além de gigantescos, têm um comportamento incomum e inédito. O fogo em ambos conseguiu queimar de um lado a outro da cadeia montanhosa de Sierra Nevada, devastando cumes de montanhas que, em anos anteriores tinham umidade e neve suficientes para interromper incêndios ou pelo menos retardá-los. Thom Porter, do Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia, disse que não há nenhum incêndio conhecido que tenha ocorrido de um lado a outro da Sierra, como se viu neste ano.

O problema dos incêndios florestais na Califórnia, alimentado pela concorrência de mudanças climáticas e um risco elevado de ignições causadas pelo homem em áreas antes desabitadas, tem piorado a cada ano que passa do século 21. Pesquisadores do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade da Califórnia em Irvine realizaram uma análise completa das estatísticas de incêndios florestais do Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia de 2000 a 2019, comparando-as com os dados de 1920 a 1999.

O estudo mostrou que temporada anual de incêndios ficou mais longa nas últimas duas décadas e que o pico anual mudou de agosto para julho. As descobertas da equipe são o assunto de um estudo publicado na Nature Scientific Reports. A pesquisa é um exame focado na frequência de incêndios, área queimada e uma variedade de causas dos eventos catastroficamente destrutivos.

A equipe de pesquisadores descobriu que o número de pontos quentes ou hot spots, locais com grave risco de incêndio, cresceu significativamente nos últimos anos, alimentado por temperaturas médias anuais mais altas, maior déficit de vapor (falta de umidade do ar), seca e uma chance elevada de incêndios desencadeada por causas humanas como interrupções de linhas de energia, construção, transporte, fogueiras, cigarros descartados e fogos de artifício.