O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida segue muito grande na comparação com as médias históricas desta época do ano, atualmente com cerca de 22 milhões de quilômetros quadrados em extensão. Os dados são do consórcio ambiental europeu Copernicus de monitoramento ambiental.
A evolução do buraco, que atingiu o seu maior tamanho no mês de setembro, está acompanhando com enorme semelhança o padrão do ano de 2020, que teve um dos maiores buracos já documentados na era dos satélites.
O buraco mais uma vez grande sobre a Antártida tem direta relação com um padrão atmosférico que fez o continente gelado ter tido um inverno de frio brutal e incomum, e que levou ainda a um aumento do gelo marinho nos mares antárticos em 2021.
O Polo Sul teve neste ano a temperatura média mais baixa em 60 anos entre abril e setembro. O inverno gelado foi causado por um forte vórtice polar na estratosfera. Os ventos na estratosfera polar foram mais fortes do que o normal, o que está associado ao deslocamento da corrente de jato em direção ao polo. Isso mantém o ar congelante aprisionado em grande parte da Antártica.
Durante a temporada de primavera do Hemisfério Sul (agosto – outubro), o buraco de ozônio na Antártida aumenta de tamanho, atingindo um máximo entre meados de setembro e meados de outubro.
Quando as temperaturas na estratosfera, a parte superior da atmosfera, começam a subir no final da primavera, a redução do ozônio diminui. No final de dezembro, em regra, os níveis de ozônio retornam ao normal.
Desde a proibição dos halocarbonos, a camada de ozônio tem se recuperado lentamente. Os dados mostram uma tendência de diminuição da área do buraco de ozônio na curva histórica, mas há uma grande variabilidade anual na dimensão em que em alguns anos ele pode ser muito grande, como foi o caso de 2020 e agora novamente em 2021. A área do buraco de ozônio é calculada como a área com valores de ozônio abaixo de 220 DU ao Sul do paralelo 60ºS.
O buraco na camada de ozônio se forma todos os anos quando os primeiros raios de sol atingem os pólos. Compostos químicos proibidos pelo Pacto de Montreal, como clorofluorocarbonetos (CFC) e substâncias que contêm bromo, se acumulam dentro do vórtice polar.
Nas temperaturas extremas do vórtice polar (a corrente estratosférica que mantém o ar frio confinado nos pólos), formam-se nuvens estratosféricas que promovem reações químicas que destroem a camada de ozônio.
Os compostos químicos permanecem inativos até serem atingidos pelos primeiros raios do sol. A energia do sol libera átomos de cloro e bromo quimicamente ativos no vórtice que rapidamente destroem as moléculas de ozônio, causando a formação do buraco.
Esses tipos de condições são mais comuns no Hemisfério Sul, mas em 2020 ocorreu o maior e mais estável buraco na camada de ozônio no Polo Norte.
O ozônio é um escudo natural contra os raios ultravioleta. A principal consequência do buraco na camada de ozônio é a maior exposição a essas radiações, que podem causar câncer de pele e problemas oculares em áreas desprotegidas pela camada.
Além disso, pesquisas recentes sugerem um nexo entre o buraco de ozônio e as correntes marinhas e atmosféricas responsáveis pelo clima de médio e longo prazo.