Moradores de Buenos Aires fazem de tudo para se refrescar em meio a uma onda de calor com duração e intensidade sem precedentes neste mês de março | LUIS ROBAYO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A cidade de Buenos Aires quebrou seu recorde de temperatura máxima para o mês de março pela segunda vez neste mês em meio a uma brutal e histórica onda de calor sem precedentes para esta época do ano na região. E que ocorre depois do verão climático mais quente da história.

No dia 2, a temperatura atingiu 38,0ºC na capital argentina. Foi, então, a maior marca observada em março desde o começo das medições em 1906 na cidade. A marca superou o recorde anterior de 37,9ºC de 7 de março de 1952.

Se o recorde da década de 50 permaneceu intocado por 70 anos, o recorde do dia 2 de março deste ano durou apenas dez dias. Isso porque a máxima de hoje superou a registrada dez dias atrás com a intensificação do calor no Centro da Argentina.

A temperatura máxima deste sábado (11) no observatório central de Villa Ortúzar, a estação de referência histórica da cidade de Buenos Aires, chegou a impressionantes 38,9ºC.

A intensidade do calor de hoje é tão fora da curva que não apenas é novo recorde para Buenos Aires em março como a máxima deste sábado teve valor acima do recorde histórico de máxima de fevereiro de 38,7ºC em 1944.

A Argentina tem sofrido com uma incessante sequência de ondas de calor desde o final da primavera. Na última década não se registaram mais do que quatro ou cinco episódios semelhantes por temporada, segundo o Serviço Meteorológico Nacional, e o país enfrenta no momento a sua nona ou décima onda de calor, conforme a localidade.

O Aeroporto Internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, anotou máxima hoje de 39,6ºC. É a quarta vez neste mês que Ezeiza tem recorde de máxima para março. Ontem, a máxima de Ezeiza foi de 39,4ºC. Foi quando pela terceira vez neste mês caiu o recorde de temperatura máxima na estação para março. O recorde de março já havia sido quebrado no dia 1º com 38,1ºC e no dia 2 com 39,1ºC.

Múltiplos recordes de temperatura máxima desde 1961, e alguns de toda a série histórica com dados de até um século ou mais, têm sido quebrados para a climatologia de março desde o começo do mês na Argentina.

Havia um alerta vermelho neste sábado para a cidade de Buenos Aires e parte da Grande Buenos Aires emitido pelo Serviço Nacional de Meteorologia (SMN), da Argentina, por calor extremo. Já foram vários dias neste mês com alerta vermelho na capital argentina por altas temperaturas em situação por demais atípica.

“Com o anticiclone do Atlântico Sul muito intensificado em superfície, contribuindo com vento Norte e umidade para o centro do país, e condições de bloqueio atmosférico em níveis médios e altos da atmosfera sobre a faixa central do território argentino, ar mais frio não ingressa na região e, com isso, as temperaturas são persistentemente muito altas para a época do ano com uma onda de calor intensa e tardia”, explicou o SMN.

O que ocorre no Centro da Argentina é muitíssimo fora da curva histórica e anormal. A temperatura máxima no Norte da província de Buenos Aires, incluindo a capital federal, está entre 8ºC e 10ºC acima do normal neste mês até agora. Para colocar em contexto, um período de dez dias 4ºC a 5ºC mais quente do que a média já é muito, mas 8ºC a 10ºC de anomalia positiva é algo extraordinário.