Olhar para o céu é de graça e quem virou os olhos para o alto neste domingo na Serra Gaúcha foi contemplado com uma espetacular aparição de nuvens do tipo Cirrus. Um tipo de nuvem bastante comum por aqui e em todo o mundo, mas que não raro tem formações que encantam pela sua beleza, como hoje na Serra Gaúcha, os vales, a Grande Porto Alegre, o Centro gaúcho e outras regiões do Rio Grande do Sul.

Nuvens Cirrus neste domingo na Serra Gaúcha | DANIEL ARCENIO

Os Cirrus são nuvens altas e se formam em qualquer época do ano. Formadas por cristais de gelo e que se encontram em altitudes mais altas na atmosfera, as nuvens Cirrus realçam as cores pela refração da luz solar ao amanhecer e no fim da tarde.

Geralmente, este tipo de nuvem se forma antes de uma frente ou acompanhando uma corrente de jato de nível superior. Por isso, no folclore popular, as nuvens apelidadas de “rabo de galo” costumam preceder mudanças no tempo e chuva, mas nem sempre. Amanhã, por exemplo, será outro dia de sol no Ri0 Grande do Sul.

As nuvens Cirrus são nuvens curtas e parecidas com cabelos encontradas em grandes altitudes. São finas e durante o dia são mais brancas do que qualquer outra nuvem no céu. Enquanto o sol está se pondo ou nascendo, eles podem assumir as cores do pôr do sol e oferecem belas imagens.

O que são e como se formam as nuvens Cirrus?

As nuvens Cirrus se formam a partir da ascensão do ar seco, fazendo com que a pequena quantidade de vapor d’água no ar sofra deposição em gelo (para passar de um gás diretamente para um sólido). São compostas completamente de cristais de gelo, que fornecem sua cor branca e se formam em uma ampla variedade de formas e tamanhos.

Também podem se formar através de rastros, rastros de vapor deixados pelos aviões enquanto voam através de uma troposfera superior seca chamados de trilhas de condensação. Tais estrias no céu podem se espalhar e se tornar nuvens Cirrus, Cirrostratus e Cirrocumulus.

Céu salpicado de Cirrus no município de Cerro Largo | @holandbr/TWITTER

Nuvens altas pincelaram o céu do Rio Grande neste domingo | @DiasTaison/TWITTER

Os Cirrus e o balão no céu de Teutônia | @MRoger08/TWITTER

Nuvens Cirrus na tarde deste domingo em Charqueadas | MÁRCIO LARA

Céu hoje no município de Sobradinho | IARA PUNTEL

Céu salpicado de nuvens Cirrus em Novo Hamburgo | DANIEL FLECK

Entardecer no Vale do Sinos com o céu tomado de Cirrus | DANIEL FLECK

Cirrus pincelam o céu do fim da tarde no Morro da Borússia de Osório | ROSINARA FERNANDES

Nuvens altas realçam o fim da tarde de Santa Cruz do Sul | OTTO TESCHE

Caxias do Sul no fim da tarde | DENIS GOERL

Fim de tarde deste domingo em Porto Alegre | FERNANDO OLIVEIRA

E estas nuvens provocam chuva? Tecnicamente, as nuvens do tipo Cirrus produzem precipitação, mas nunca atingem o solo. Em vez disso, evapora novamente entre a nuvem e a superfície, criando o que se denomina de nuvens virgas, também muito bonitas e que sempre chamam a atenção do público quando aparecem no céu.

E por que se formaram estas nuvens hoje?

Se estas nuvens se formam em grande altitude, em altos níveis da atmosfera é se deve buscar a resposta para a pergunta: por que elas se formaram sobre a Serra e outras regiões do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, que também tiveram este tipo de nebulosidade neste domingo.

Os mapas dos modelos meteorológicos mostravam uma corrente de jato em grande altitude. O “jato” se estendia do Pacífico ao Atlântico. Cobria o Norte do Chile, o Norte da Argentina e o Sul do Brasil. Foi esta corrente de jato, pérturbando a atmosfera, que é fluída, que acabou por gerar as nuvens.

Dados de sondagens atmosféricas, realizadas mediante balões que são lançados na atmosfera, confirmam a atuação de uma corrente de jato sobre o Rio Grande do Sul. A sondagem das 9h deste domingo da base aérea de Santa Maria mostrou vento muito intenso entre 11.000 e 13.000 metros, a altitude em que aviões comerciais voam. O vento medido a 11.400 metros atingia 209 km/h na manhã deste domingo.

Quais são os tipos de nuvens Cirrus

As nuvens Cirrus tem cinco tipos principais e vários subtipos. Inicialmente, os Cirrus fibratus frequentemente são alinhados com a direção do vento de alta altitude, criando listras paralelas brancas que riscam o céu. É a forma mais comum. Já o Cirrus uncinus tem como marca registrada a forma de gancho e é famoso por se parecer com o rabo de um cavalo. Foi o tipo visto hoje na Serra Gaúcha.

WHAT IS THIS CLOUD/REPRODUÇÃO

Já o Cirrus spissatus ficam no topo da troposfera. Não raro forma uma espessa e densa camada branca que domina grande parte do céu ou junto à bigorna de uma Cumulonimbus. O Cirrus flocus, por sua vez, tem manchas irregulares que são muito maiores que o Cirrocumulus flocus. Possuem uma aparência mais parecida com algodão do que o resto da família Cirrus. E, por fim, o Cirrus castellanus é mais desenvolvido verticalmente do que o Cirrus floccus e tem topos em forma de torre, sendo mais altos do que largos.