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Uma das mais perigosas situações de tempo severo em anos na região vai se estabelecer no Centro da Argentina e no Uruguai entre a tarde e a noite desta terça-feira e a quarta-feira em cenário de grave risco meteorológico com probabilidade de temporais localmente destrutivos por vento e granizo de variado tamanho, como a MetSul Meteorologia vem advertindo desde domingo e ontem reforçou com avisos para os territórios argentino e uruguaio.

Uma das preocupações é a possibilidade de que ocorram tornados, acompanhando supercélulas de tempestade de longa duração que tendem a se formar na região. É uma condição muito semelhante às ondas de tempo severo que ocorrem nas Planícies Centrais dos Estados Unidos entre os meses de maio e junho.

O meteorologista Matias Bertolotti, apresentador do canal de notícias TN da televisão argentina, advertiu em suas redes sociais que “este tipo de dias não ocorre com muita frequência e, de fato, há vários anos que não se apresenta uma probabilidade de tempo severo tão clara e intensa como esta”.


Nacho Lopez Amorim, do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, compartilha da preocupação com tempo muito severo e enfatiza que o SMN já emitiu alertas de tempestades severas de nível laranja para Buenos Aires.

Modelos indicam a possibilidade de tornados na região pelas condições de extrema instabilidade e uma conjunção de fatores que aumentam dramaticamente o risco do fenômeno. Os valores de EHI (Enhanced Helicity Index) são elevados para o Litoral Oeste do Uruguai e o Nordeste da Argentina.

Outra variável, Parâmetro de Tornado Significativo, aponta o risco de tornados no Centro da Argentina e no Uruguai. Os índices de EHI, variável utilizada para prognóstico de tornados, são particularmente altos para o Oeste e o Noroeste do Uruguai no final do dia e no começo da quarta.

Trata-se de uma condição particularmente perigosa de tempo severo pelo elevado risco de que se produzam tempestades localmente muito intensas a violentas com potencial destrutivo por vento e granizo. A cidade de Buenos Aires e sua área metropolitana, o denominado conurbano, estão entre as localidades com alto risco de tempo muito severo.

A análise do conjunto de dados atmosféricos projetados pelo pacote de modelos numéricos sugere tempestades com ocorrência de chuva localmente torrencial, mas a maior preocupação é com a perspectiva de tormentas pontualmente severas a violentas de granizo – que pode ser grande em alguns pontos – e de vento com risco de dowbursts (correntes descendentes) e até ocasional formação de tornados.

Primeiro, um centro de baixa pressão que vai dar origem a um ciclone bomba estará atuando na região com valores de pressão em superfície muito baixos. Modelos indicam a possibilidade de 995 hPa a 998 hPa na província de Buenos Aires, sendo que valores abaixo de 1.000 hPa são especialmente críticos para tempo severo.

Segundo, uma corrente de jato em baixos níveis (JBN ou LLJ) vai transportar ar muito quente para a região em que vão se formar as tempestades. O jato será muito intenso, com vento entre 1000 e 2000 metros de altitude, de 100 km/h a 150 km/h. Com o avanço de uma frente fria, o padrão de vento divergente (cisalhamento) será enorme e vão se criar condições propícias para tornados.

Terceiro, uma frente fria vai avançar sobre uma massa de ar por demais quente para esta época do ano em um ambiente de extrema instabilidade com baixa pressão atmosférica e uma corrente de jato em baixos níveis bastante intensa. O gradiente de temperatura será imenso sob condições de extrema instabilidade.

Por isso, os modelos numéricos estão a projetar índices de instabilidade extremamente altos para o Centro da Argentina. Índices como CAPE, Lifted, SWEAT e Showalter têm valores projetados pelos modelos numéricos entre a tarde e noite da terça e o começo da quarta-feira em patamar de tempo muito severo.

É importante enfatizar que este cenário crítico para tempestades severas a violentas é para o Centro da Argentina e o Uruguai, e não para grande parte do Rio Grande do Sul. A instabilidade deve se deslocar para o território gaúcho, mas, embora haja o risco de temporais fortes a severos no Rio Grande do Sul, o cenário não se mostra com a mesma gravidade do que se espera na Argentina e no Uruguai, exceto para o Oeste e o Sudoeste gaúcho.

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