Número de mortos e feridos no tornado em Mayfield ainda é desconhecido com o trabalho de buscas e resgates prosseguindo uma semana após a passagem do tornado devastador que destruiu a cidade do Oeste do estado norte-americano do Kentucky | BRANDON BELL/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O tornado que destruiu na noite da última sexta-feira grande parte da cidade de Mayfield, no Oeste do estado norte-americano do Kentucky, foi classificado como um EF-4 na Escala Aprimorada de Fujita, que vai de 0 a 5, utilizada pela Meteorologia dos Estados Unidos. Tornados EF-4 trazem vento de 300 km/h.

A informação foi divulgada pelo escritório local do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS) que destacou que o dado é preliminar e a avaliação foi de um tornado no limite superior de um EF-4, ou seja, ainda pode ser elevado para EF-5, o máximo da escala.

Foram vários dias de espera pela classificação do tornado. Especialistas como meteorologistas e engenheiros com experiência em análise de danos de tornados violentos foram chamados de outras partes do país para colaborar com os trabalhos de campo de avaliação dos estragos usado na classificação da intensidade do fenômeno.

O trabalho de pesquisa de campo pelos técnicos continuará nos próximos dias e semanas. Os relatórios do escritório do Kentucky e de outros estados serão analisados em conjunto para determinar se este é ou não o mesmo tornado que passou por outros estados.

Especula-se, com base em imagens de radar, que o tornado que passou por Mayfield tenha percorrido quatro estados e 340 km/h., o que seria um recorde de maior extensão já percorrida.

Uma razão para que os tornados nesta época do ano nos Estados Unidos, a estação fria do ano, sejam mais mortais é que as pessoas não estão acostumadas a buscar informações sobre o fenômeno por não ser uma época de tempestades em razão da baixa temperatura típica de dezembro. A observação é de Robert Trapp, professor da Universidade de Illinois.

“Uma onda de tornados em dezembro é rara, mas não sem precedentes. A maioria das piores ondas ocorre em março e maio, o que representa meses de alta prontidão e consciência para tornados.

Em dezembro a fevereiro, o inverno climático, por outro lado, o público tende a não estar tão alerta para a possibilidade de tornados, tornando mais difícil para os meteorologistas e gestores de emergência comunicar com sucesso informações de alerta meteorológico relevantes e encorajar a prevenção”, diz Trapp.

Os tornados de estação fria também são potencialmente mais impactantes porque têm uma tendência maior de serem tempestades muito rápidas e que ocorrem à noite enquanto as pessoas estão em casa dormindo, sem saber do perigo iminente e que precisam agir rapidamente, como era o caso com muitos dos tornados do último dia 10 de dezembro.

O número de feridos e mortos ainda não é definitivo, mas as vítimas fatais passam de 80. As equipes de busca e salvamento seguem examinando escombros de casas e prédios. Além disso, as autoridades ainda tentam localizar pessoas que podem simplesmente estar bem, mas encontram-se listadas como desaparecidas.

Biden visitou Mayfield e prometeu ajuda

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu aumentar a assistência federal ao Kentucky, enquanto inspecionava a destruição nas cidades devastadas por fortes tornados que deixaram pelo menos 88 mortos.

“O alcance e a escala desta destruição é quase inacreditável”, declarou o presidente de 79 anos, após a visita às cidades de Mayfield e Dawson Springs. “Esses tornados praticamente devoraram tudo em seu caminho”, continuou Biden em Dawson Springs, no Oeste do Kentucky. “Suas casas, seus negócios, seus locais de culto, seus sonhos, suas vidas”, disse.

O presidente norte-americano anunciou que o governo federal arcará com 100% dos gastos com ajuda emergencial pelos próximos 30 dias, e que continuará fazendo “todo o necessário, durante o tempo que for preciso”. Biden caminhou por uma rua repleta de destroços em Mayfield, parou para conversar e estender a mão a uma mulher sentada entre os escombros de um prédio em ruínas.

De boné e roupa casual, o presidente também participou de uma prece com o prefeito da cidade e outras pessoas. Antes de visitar Mayfield, uma cidade de 10.000 habitantes e Dawson Springs, com população de 2.500 pessoas, Biden recebeu um relatório sobre os danos causados pelos tornados da semana passada, que mataram pelo menos 74 pessoas no Kentucky e outras 14 nos estados vizinhos.

“Não há tornados vermelhos, não há tornados azuis”, enfatizou Biden, em referência às cores que identificam os partidos Republicano e Democrata. O governador do Kentucky, Andy Beshear, é democrata, mas os habitantes do estado votaram expressivamente no republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de 2020.

Além da ajuda federal, foram enviados mais de 500 soldados da Guarda Nacional para ajudar com a aplicação da lei, o controle do tráfego e a recuperação da região, assim como voluntários e associações no campo para apoiar as vítimas.

Biden falou com muita cautela sobre a relação entre os tornados e as mudanças climáticas, enquanto em setembro, observando a devastação da tempestade Ida nos estados de Nova York e Nova Jersey, citou uma mudança climática de “alerta vermelho” e aproveitou para elogiar seus principais projetos de investimento.

“Temos que ser muito cuidadosos. Não podemos dizer com certeza absoluta que tudo isso está relacionado à mudança climática”, declarou o presidente democrata na segunda-feira, classificando as tempestades da sexta-feira anterior de “incomuns”.