Ciclone monstro Raí atingiu categoria 5 antes de alcançar as Filipinas na madrugada desta quinta-feira | CIMSS

O supertufão Rai (Odette no nome local) atingiu nesta quinta-feira as Filipinas e obrigou dezenas de milhares de pessoas a fugir de suas casas pelo temor dos ventos violentos e das chuvas torrenciais, o fenômeno mais potente a afetar o país em 2021. O supertufão tinha ventos de 195 km/h ao tocar o solo às 2h30 de hoje (hora de Brasília) na ilha meridional de Siargao, um popular destino turístico.

Rai é um dos ciclones tropicais mais intensos no planeta neste ano e entrou para a pequena lista dos sistemas que atingiram categoria 5. O planeta teve antes cinco tempestades de categoria 5, a grande maioria no Oceano Pacífico.

Foram os casos do supertufão Mindulle no Noroeste do Pacífico em 26 de setembro; o supertufão Chanthu no Noroeste do Pacífico e perto das Filipinas em 10 de setembro; o supertufão Surigae no Noroeste do Pacífico e perto das Filipinas em 17 de abril; o ciclone tropical Faraji no Sudoeste do Oceano Índico em 8 de fevereiro; e o ciclone tropical Niran no Oceano Pacífico Sul em 5 de março, conforme levantamento do meteorologista Jeff Masters da Yale Climate Connections.

“Estou com medo de verdade”, declarou à AFP Nida Delito, de 56 anos e proprietária de um restaurante na província central de Bohol, onde os ventos arrancaram telhados de casas e derrubaram árvores. “Muitos tufões passaram por aqui antes e ficou tudo bem. Mas este é diferente”, disse.

De acordo com agência de gestão de emergências, mais de 90.000 pessoas foram obrigadas a fugir e procurar refúgio, incluindo muitos turistas nacionais, uma vez que os estrangeiros continuam proibidos de entrar no país. Muitos voos foram suspensos e dezenas de portos permanecem temporariamente fechados diante da advertência de grandes ondas que poderiam provocar “inundações fatais” em áreas costeiras.

“Esta tempestade monstruosa é aterrorizante e ameaça atingir comunidades costeiras como um trem de carga”, disse Alberto Bocanegra, diretor da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho nas Filipinas. “Estamos muito preocupados de que a mudança climática esteja tornando os tufões mais violentos e imprevisíveis”, acrescentou.

Rai atinge o país de maneira tardia na temporada de tufões, que normalmente vai de julho a outubro. Depois de tocar o solo em Siargao, o tufão deve atravessar a região das ilhas Visayas, Mindanao e Palawan, antes de emergir no sábado no Mar da China Meridional e depois no Vietnã.

Um “supertufão” é um ciclone extremamente violento, equivalente a um furacão de categoria 5 no Atlântico Norte, e apenas cinco são registrados, e média, a cada ano no planeta. A agência meteorológica advertiu para ventos “muito destrutivos” que poderiam provocar “danos de moderados a fortes em estruturas e na vegetação”.

O meteorologista Christopher Perez afirmou que os ventos “poderiam derrubar linhas de energia elétrica e árvores”, assim como danificar casas construídas com materiais leves. “Preparem-se para chuvas intensas e ventos fortes”, disse.

Vídeos verificados gravados por turistas em Siargao mostram árvores atingidas pelos ventos. No município de Dapa, as famílias desabrigadas dormiam no chão de um complexo esportivo. Em Cagayan de Oro, na ilha de Mindanao, a guarda costeira utiliza barcos infláveis, botes salva-vidas e macas para resgatar pessoas presas em suas casas inundadas perto de um riacho.

Até o momento não foi registrada nenhuma morte ou ferido na passagem do tufão, que provocou alguns cortes de energia elétrica. As Filipinas estão entre os países mais vulneráveis ao impacto das mudanças climáticas com uma média anual de 20 tempestades e tufões.