Tempestades atlânticas, conhecidas como borrascas, são comuns na Espanha. Filomena, por exemplo, trouxe a maior nevasca na Espanha em meio século dias atrás. A borracha Hortense que castigou o território espanhol entre quinta (21) e ontem (22), contudo, foi diferente e rara. 

Carta sinótica da sexta-feira com a depressão atmosférica Hortense atingindo a península ibérica | Aemet

Como é inverno, tempestades atlânticas costumam trazer chuva, frio, vento e neve. No caso de Hortense, porém, os efeitos foram mais semelhantes a uma tempestade de verão com muitos raios, formação de supercélulas de tempestade e vento destrutivo com força de furacão. Hortense proporcionou imagens que são comuns em temporais de verão e são muito raras de se ver no inverno na Espanha como nuvens do tipo arco e prateleira.

Hortense provocou rajadas de vento de até 179 km/h, tempestades impressionantes, ondas de mais de sete metros na costa atlântica e fortes chuvas na península ocidental.

Rubén del Campo, porta-voz da agência meteorológica espanhola Aemet, explicou que Hortense também deixou mais de 3.000 raios e inúmeras tempestades distribuídas por grandes áreas do território. Afirmou que é um fenômeno muito incomum no inverno na Espanha, onde, por exemplo, em pontos do Norte do país, na península central e no vale do Ebro existe apenas uma tempestade desta natureza a cada 10 ou 20 anos.

A atmosfera mais quente e com altos índices de instabilidade proporcionou a formação de supercélulas de tempestade típicas de meses quentes do ano. O Extreme Forecast Index com base no índice de instabilidade CAPE apontou valores altíssimos na península ibérica e na Itália, acompanhando Hortense.  

A Espanha, depois da neve de Filomena e do vento de Hortense, se prepara agora para a borrasca Ignacio. Não será tão intensa como a última, mas deve trazer vento forte com potencial de danos.