Destroços da aeronave foram achados no Lago Guaíba na manhã desta terça | FELIPE FALEIRO/CORREIO DO POVO

Um acidente aéreo foi registrado no extremo Sul de Porto Alegre e o piloto está desaparecido. O Corpo de Bombeiros retirou na manhã desta terça-feira os primeiros destroços encontrados da aeronave de pequeno porte que caiu no Guaíba na noite da segunda-feira, na altura da Ponta Grossa. O tempo era bom com nebulosidade parcial e visibilidade ampla no momento da queda.

O empresário Luis Cláudio Petry pilotava o avião que caiu. Ele segue sendo procurado pelas equipes de resgate. Informações preliminares indicam que Petry é piloto experiente e pilotava uma aeronave moderna, definida como “muito equipada”. Ele tinha cursos para fazer pousos na água. O relato inicial apontou que o aparelho teria apresentado pane e perdeu o controle.

O acidente ocorre na mesma área onde se deu o maior desastre aéreo da cidade de Porto Alegre na década de 40. Em 20 de junho de 1944, temporal derrubou um avião da VARIG em Porto Alegre. Às 11h30 daquele dia, o Electra PP-VAQ acabou nas águas do Guaíba.

CP MEMÓRIA

CP MEMÓRIA

A capa do Correio do Povo (do dia seguinte mostrava a aeronave quase submersa e apenas a cauda visível. O avião saiu de Pelotas às 10h com nove passageiros e dois tripulantes. O tempo ainda era bom entre o Sul e a Capital, mas na aproximação o cenário mudou.

No livro de acidentes aéreos “O Rastro da Bruxa”, o comandante Carlos Ari Germano da Silva relata que o Electra estava a minutos do então Aeroporto Federal São João, na Capital, quando veio o temporal. O piloto Ricardo Lau seguiu voando, sobrevoando o Guaíba, tentando achar o aeroporto, porém a tempestade era forte com chuva intensa e raios. Voando a baixa altitude, com visibilidade descrita pelo telegrafista do avião à estação de rádio-telégrafo da VARIG como “quase nula” pela chuva, vento e turbulência, o Electra caiu no Guaíba, destroçou-se e afundou.

Houve esforço de resgate na Ponta Grossa, mas todos morreram. A tripulação estava alertada de mau tempo, mas a tempestade quase que coincidiu com a chegada. O avião pode ter sido derrubado por corrente descendente de vento ou a baixa visibilidade fez o piloto confundir a chuva com o lago.

A MetSul reconstituiu o tempo naquele dia, quando inexistiam radares meteorológicos, satélite e modelos. Às 9h fazia 12,9ºC em Porto Alegre. Às 15h, 14,4ºC. E às 21h, 15ºC. A máxima do dia foi 15,5ºC. A chuva entre 20 e 21 de junho somou 89,3 mm, volume muito alto para um período de apenas 24h. Os dados sugerem, pela chuva forte, tempo bom em rota desde a saída do Sul e elevação da temperatura depois da tempestade que foi uma frente quente vinda de Noroeste, fenômeno comum em junho e que não raro traz chuva intensa com raios, vento e granizo.