O mapa da chuva nos próximos dez dias no Brasil é clássico dos meses de verão no país com um canal de umidade organizado entre as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, onde são esperados os maiores acumulados de precipitação no país ao passo que mais ao Sul e na costa do Nordeste chove menos.

O mapa acima mostra a projeção de chuva para dez dias do modelo meteorológico do Centro Europeu (ECMWF) a partir dos dados da rodada da 0Z desta quarta-feira. O modelo está disponível ao nosso assinante (assine aqui) em nossa seção de mapas. Observa-se com clareza a tendência de a chuva neste período se concentrar junto ao canal de umidade vindo da Amazônia que se prolonga até o Sudeste.

É chuva que vai atingir com maiores volumes justamente a região conhecida como a “caixa d´água do Brasil”, onde se concentram os principais reservatórios das usinas hidrelétricas e que são muito dependentes de precipitações mais volumosas nesta época do ano para garantir a segurança do setor elétrico no restante do ano, especialmente durante a temporada seca do inverno.

No Centro-Oeste, a chuva deve ser satisfatória para a agricultura em todos os estados. Devem ser esperados os mais altos volumes sobre Goiás e o Mato Grosso enquanto no Mato Grosso do Sul as precipitações no período tendem a ser mais irregulares e com enorme variabilidade de volumes.

O Sudeste do Brasil tende a concentrar os mais altos volumes de chuva nestes próximos dez dias, especialmente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Minas é o estado do Sudeste que mais vem sofrendo com a chuva nesta estação chuvosa com 124 municípios em situação de emergência até esta quarta.

São 14 mortos em Minas Gerais desde o início do período chuvoso, em 21 de setembro. O número de desabrigados pela chuva está em 1.604 e o de desalojados em 7.463. Desabrigados são pessoas que necessitam de abrigo público, como habitação temporária. Já desalojados são pessoas que desocuparam seus domicílios, mas que se deslocam para casas de parentes ou amigos.

A cidade de São Paulo terá chuva frequente nos próximos dez dias, mas intercalada com horas de sol e nuvens. Serão comuns os temporais da tarde para a noite que podem despejar altos acumulados de precipitação em curto intervalo. Chuva ainda mais frequente nos próximos dez dias na cidade do Rio de Janeiro que terá muitos dias de tempo fechado e instável.

A cidade de Belo Horizonte é a capital da Região Sudeste que terá os mais altos acumulados de chuva até a metade do mês com elevados volumes. São prováveis períodos de chuva forte a torrencial com risco alto de temporal com alagamentos. Volumes de 200 mm a 300 mm são esperados na região da Grande BH até a metade do mês.

Estiagem e chuva deficiente no Sul

No Sul do Brasil, os estados que mais devem ter chuva são o Paraná e Santa Catarina pela maior proximidade com o canal de umidade do Sudeste e o Centro-Oeste do país, entretanto com grande variabilidade regional nos volumes. Cidades mais ao Oeste catarinense, por exemplo, devem ter chuva mais irregular.

O cenário de chuva para o Rio Grande do Sul é muito ruim diante do quadro de estiagem que assola o estado. Os volumes previstos para os próximos dez dias são baixos na maior parte dos municípios gaúchos e é possível que sequer chova até a metade do mês em alguns locais, o que vai determinar um agravamento da estiagem.

Com isso, a tendência é de aumento do número de municípios em situação de emergência pela estiagem no território gaúcho. Atualmente, 32 dos 497 municípios do estado já adotaram emergência pela falta de chuva. As perdas se avolumam no campo, sobretudo nas lavouras de milho, com perdas totais em alguns municípios, e o abastecimento de água está ameaçado.

A esmagadora maioria ou mesmo todos os próximos dez dias devem ser de sol no Rio Grande do Sul e ainda com tardes de calor, o que vai agravar a perda de umidade do solo e tornar a estiagem ainda mais forte. O calor muito intenso na Metade Oeste, especialmente em alguns dias da semana que vem, tornará o quadro de escassez hídrica ainda mais agudo com maior impacto na agricultura.