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Chuva seguirá irregular, abaixo da média e mal distribuída | FABIAN RIBEIRO

Todas as regiões do Rio Grande do Sul tiveram chuva entre o domingo e ontem, mas, tal como era antecipado pela MetSul Meteorologia, a chuva foi extremamente irregular e com uma enorme variabilidade de volumes de um ponto para outro dentro da mesma região, o que fez com que algumas localidades tivessem precipitação com acumulados mais altos e locais muito próximos pouco ou nada de chuva.

De acordo com dados de estações oficiais, a chuva entre domingo e ontem somou 58 mm em São José dos Ausentes, 46 mm em Santo Augusto, 36 mm em Passo Fundo, 20 mm em Cambará do Sul, 16 mm em Quaraí e Canela, 14 mm em São Gabriel, 13 mm em Caçapava do Sul e Bento Gonçalves, e 10 mm em Soledade e Porto Alegre.

Todas as demais estações oficiais do estado anotaram no período menos de 10 mm e algumas mais a Leste do estado nada de precipitação. Os acumulados de chuva na região de Pelotas e no extremo Sul gaúcho foram nulos ou ínfimos, assim como os modelos projetavam.

Mesmo que tenha chovido em grande parte do estado, o cenário só tende a piorar na estiagem que assola o Rio Grande do Sul. Os acumulados de precipitação foram muito baixos na esmagadora maioria das cidades gaúchas e a água que se precipitou rapidamente vai evaporar com uma sequência de dias de sol e calor, levando à perda de umidade do solo e maior estresse para as lavouras.


Se considerada a deficiência hídrica de novembro e dezembro com a perspectiva de chuva de curto prazo para este mês janeiro, o cenário é inevitavelmente de piora da estiagem no Rio Grande do Sul com possibilidade de quebras expressivas na produção em algumas cidades e um agravamento preocupante da condição hidrológica de rios com níveis baixos.

Cenário de chuva é muito preocupante

As projeções de chuva para os próximos dez dias são muito ruins. O restante da semana terá o predomínio do tempo firme com muito sol e tardes de baixa umidade de quinta em diante. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo alemão Icon para os próximos sete dias em que se observa a escassez de precipitação no território gaúcho.

O cenário é ruim principalmente para o Oeste, o Centro e o Sul gaúcho. Como se observa na projeção de chuva para dez dias do modelo europeu, estas regiões devem ter muito pouca chuva até a metade do mês. Vai chover mais em localidades do Norte gaúcho, mas ainda assim com grande irregularidade.

Na Metade Oeste, haverá o agravante da temperatura muito alta com tardes de forte calor se somando à baixa umidade e escassez de precipitação. Os dados indicam a possibilidade de retorno da chuva de forma mais ampla somente entre os dias 10 e 11, daqui a uma semana, e mesmo assim os modelos por ora não sinalizam volumes altos.

Sob este cenário, a perspectiva é de agravamento da estiagem e o cenário pode se tornar crítico em algumas cidades. Além de perdas na produção agrícola, a situação dos rios e da captação de água para consumo humano é cada vez mais delicada, como na bacia do Rio Gravataí, na Grande Porto Alegre.

Emergência e perdas no campo

Os produtores rurais gaúchos começam o ano de 2023 sob a pressão da estiagem, que afeta principalmente a Metade Oeste do Rio Grande do Sul e já acarreta prejuízos à cultura do milho. Segundo o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, nas áreas mais impactadas, a escassez hídrica coincidiu com as delicadas fases de florescimento e enchimento de grãos do cereal, o que comprometeu a produtividade.

Nas últimas semanas, houve um aumento da demanda pelo Proagro, com muitas perícias em propriedades para a colheita antecipada, de acordo com a Emater. “Há produtores com perdas que vão eliminar a lavoura e bastante gente fazendo silagem, o que não estava previsto, para tentar dar um destino à produção. Neste ano, a perícia vai liberar muitas áreas porque a estiagem ocorreu cedo e com bastante intensidade em alguns locais”, avalia.

Na região de Ijuí, onde 65% do milho estão em enchimento de grãos, as perdas são estimadas entre 30% e 100%, de acordo com o último conjuntural da Emater/RS-Ascar. Na região de Santa Rosa, os ventos constantes à noite e as temperaturas elevadas provocaram grande evapotranspiração e perda de umidade do solo. Já na região das Missões, há prejuízos de 25% a 70% na safra.

Até o final de semana, eram 23 os municípios gaúchos que haviam decretado situação de emergência em razão da estiagem, de acordo com dados da Defesa Civil. As prefeituras de Joia e Paraíso do Sul foram as últimas a recorrer à medida, na sexta-feira. Do total de cidades, sete já tiveram seus decretos homologados pelo governo.

O decreto de emergência é usado quando o município enfrenta algum tipo de desastre que comprometeu parcialmente sua capacidade de resposta. A aprovação do documento nas esferas estadual e federal é necessária para que as prefeituras recebam benefícios de ajuda humanitária. Também é requisito para que agricultores e pecuaristas das regiões atingidas possam refinanciar dívidas relativas a financiamentos agrícolas.

Como consultar os mapas

Todos os mapas de chuva neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.

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