Poeira do Saara e calor de até 45ºC na Espanha e Portugal durante o fim de semana, mas chegada de ar mais frio vindo do Atlântico traz um alívio neste começo de semana. Digitais de rua marcavam 44°C a 45°C durante o fim de semana escaldante na Espanha.| Cristina Quicler/AFP/MetSul Meteorologia

Poeira do Saara e calor de até 45ºC na Espanha e Portugal. A península ibérica amargou um fim de semana de temperatura extremamente alta e ainda com a presença de poeira na atmosfera vinda do deserto do Saara e trazida por ventos fortes no Norte da África. Portugueses e espanhóis sofreram com a alta temperatura que cede agora no começo da semana com a chegada de ar mais ameno vindo do Reino Unido e do Atlântico, mas o calor volta forte ainda nesta semana.

A temperatura ontem na Espanha pela AEMET chegou a 43,5ºC em Talavera de la Reina, 42,6ºC no aeroporto de Granada, 42,4ºC na base aérea de Granada, 42,3ºC em Toledo, 42ºC em Hinojosa del Duque, 41,8ºC em Tomelloso, e 41,4ºC em Jerez de Los Caballe. O sábado teve 43,2ºC em Morón de la Frontera, 43ºC no aeroporto de Granada, 42,1ºC em Sevilha e 41,4ºC em Mérida, dentre as muitas estações com máximas acima de 40ºC.

Em Portugal, a máxima do domingo atingiu 41,5ºC em Évora e 39,5ºC em Beja. Lisboa foi a 32ºC. O sábado, entretanto, foi mais quente com até 37ºC em Lisboa e marcas perto ou acima de 40ºC em outras partes do país. Os termômetros, por exemplo, indicaram 41,5ºC em Évora, 40,7ºC em Beja, 38,3ºC em Portalegre, e 38,2ºC em Montijo e Castelo Branco. A rede do IPMA chegou a registrar 42,9ºC em Alcácer do Sal.

Do outro lado do Mediterrâneo

Se o calor foi extremo no fim de semana na península ibérica, do outro lado do Mar Mediterrâneo, no Norte da África, foi ainda pior. A máxima na estação de Oujda, no Norte do Marrocos, atingiu o seu recorde absoluto com 47,3ºC. Na Argélia. 46,9ºC em Mascara e 43,6ºC em Bordj-Bou-Arreridj.

Poeira do Saara em Portugal e Espanha

Não bastasse o calor extremo, Portugal e Espanha sofreram ainda os efeitos de poeira do Saara, levada a longas distâncias pelos fortes ventos que ocorrem no deserto. Uma nova nuvem de poeira surgiu no Saara e avançou para o Atlântico, alcançando ainda o Sul da Europa.

Mais uma nuvem de poeira deixou o deserto do Saara rumo ao Atlântico no fim de semana | Adam Plataform

Imagens de satélite do consórcio meteorológico e ambiental europeu Copernicus deste fim de semana mostravam a poeira vinda do Saara alcançando tanto Espanha como Portugal, onde o material particulado na atmosfera tornou o céu mais gris em algumas localidades e realçou as cores do céu no amanhecer e no fim da tarde.

Poeira do Saara chegou a Portugal e Espanha no fim de semana com intenso calor atuando | Sistema Copernicus

A pluma de poeira saariana que se desloca através do Oceano Atlântico da África não é novidade. Grandes plumas de poeira do deserto avançam  rotineiramente no Oceano Atlântico, principalmente do final da primavera ao início do outono no Hemisfério Norte. Se for grande o suficiente e com ventos alísios favoráveis, a poeira pode viajar milhares de quilômetros através do Atlântico até as Américas Central e do Norte.

Em muitos locais do Caribe, além da América Central, os habitantes notam a camada de poeira do Saara na forma de uma névoa leitosa. As minúsculas partículas de poeira lançadas a quilômetros de altitude no ar também provocam a dispersão dos raios do sol ao entardecer e amanhecer, o que dá lugar a começos de manhã e finais de tardemuito mais coloridos.

A poeira saariana chega com ar extremamente seco e isso tende a inibir a formação de ciclones tropicais como tempestades tropicais e furacões. Um ciclone tropical precisa de um ambiente quente, úmido e calmo. Por isso, no curto prazo a temporada de furacões do Atlântico Norte estará calmíssima.