Vista aérea das chamas de um incêndio florestal no Pantanal, perto da Transpantaneira, no estado de Mato Grosso, em 12 de setembro de 2020. O Pantanal, região famosa por sua vida selvagem, sofreu em 2020 com os piores incêndios já documentados na região com a devastação de vastas áreas de vegetação e as mortes de milhões de animais | MAURO PIMENTEL/AFP/METSIL METEOROLOGIA

O Brasil se comoveu na noite de ontem ao assistir as imagens na novela Pantanal dos incêndios que devastaram um terço do bioma na temporada de fogo de 2020, a pior já registrada até hoje na região. O impacto das queimadas foi enorme no ecossistema local com muitos animais ou mortos ou feridos pelas chamas. Várias das imagens foram registradas pelos jornalistas Leandro Barbosa e Michel Coeli.

A estimativa é que o fogo entre 2019 e 2020 consumiu praticamente um terço do Pantanal e que cerca de 10 milhões de animais tenham morrido. Parte das imagens apresentada numa sequência dramática com cenas reais na novela fazem parte de uma produção do diretor, roteirista e fotógrafo Michel Coeli que lançará um filme falando sobre as queimadas da região pantaneira.

A boa notícia é que neste momento a situação no Pantanal não repete os momentos mais graves dos últimos anos em queimadas. Focos de incêndios ocorrem, mas em número muito inferior ao período crítico de 2020. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o número de focos de calor neste mês de junho até o dia 29 no bioma Pantanal foi de 101, logo abaixo da média histórica mensal (1998-2021) de 159.

Como comparação, na terrível temporada de fogo de 2020, o mês de junho registrou 406 focos de calor ou 400% do que se está observando neste mês agora em 2022. O pior junho de fogo na região pantaneira, entretanto, ocorreu no ano de 2005, com 435 focos registrados por satélites pelo Inpe.


A temporada de fogo coincide com a estação seca no Pantanal, assim ela está longe ainda do seu pico anual. Normalmente, os meses de agosto, setembro e outubro apresentam os mais altos índices de fogo. Em 2020, na crise do fogo da região pantaneira, o mês de setembro teve assustadores 8106 focos de calor, o pior mês e fogo já observado no Pantanal.

O segundo pior foi agosto de 2005 com 5993, mas agosto de 2020 ficou perto de igualar com 5935. Se agosto em 2020 tivesse superado 2005, todos os meses do inverno de 2020 teriam sido recordes em fogo no bioma, já que os recordes de focos de calor julho, setembro e outubro são todos do terrível ano de 2020.

A MetSul Meteorologia destaca que preocupa a tendência não apenas em relação ao Pantanal, mas também quanto ao Cerrado e a Caatinga, para os próximos meses. Isso porque os dados de modelos de clima indicam para o trimestre de julho a setembro uma estação muito seca neste ano no Brasil e com temperatura muito acima do normal, o que deve trazer extremos de calor em agosto e setembro, condição que favorece queimadas e o rápido alastramento do fogo.