O fenômeno La Niña atua na sua forma clássica e já atinge intensidade moderada. Dados de anomalia de temperatura da superfície do mar divulgados pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, dos Estados Unidos, mostraram uma intensificação do resfriamento superficial das águas do Pacífico Equatorial.

NOAA

De acordo com o boletim semanal de análise e monitoramento da NOAA, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central, a denominada região Niño 3.4, está em -1,1ºC, o menor desde o começo do atual evento de La Niña. Esta é a área do oceano designada não só para determinar se há El Niño ou La Niña como a sua intensidade. O valor de -1,1ºC está na faixa de intensidade moderada que vai de -1,0ºC a -1,4ºC.

Por sua vez, a região Niño 1+2, no Pacífico Equatorial Leste, junto aos litorais do Peru e do Equador, apresenta anomalia de temperatura da superfície do mar de -0,6ºC, portanto dentro de intervalo de fraca intensidade de -0,5ºC a -0,9ºC. Esta região em específico do Pacífico, que costuma ser muito volátil em suas oscilações de temperatura, é atentamente monitorada pelos meteorologistas pela maior correlação com os índices de precipitação no Sul do Brasil, em particular no Rio Grande do Sul.

La Niña SST anomaly

A tendência é a continuidade do fenômeno La Niña durante os próximos meses. A previsão de probabilidade da NOAA e da Universidade de Columbia segue indicando para o verão climático nosso, o trimestre de dezembro a fevereiro, 87% de chance de a La Niña estar presente no Oceano Pacífico. O evento atual do fenômeno perduraria até o outono com tendência de aquecimento maior das águas no inverno de 2022, o que não se sabe ainda pode levar ou não a um El Niño no segundo semestre do próximo ano.

A La Niña traz maior irregularidade da chuva no Sul do Brasil e aumenta o risco de estiagem entre o fim da primavera e o começo do outono, mas não significa que deixa de chover. Há um aumento da probabilidade de as precipitações ficarem abaixo da média assim como de a chuva já por natureza irregular na estação quente se tornar ainda ter pior distribuição. Veja o que se deu ontem no Sul gaúcho com chuva que somou até 130 mm em algumas áreas e que sequer alcançou 5 mm em locais próximos.

A MetSul já antecipa por meses a sua preocupação com possíveis impactos de déficit de chuva para a cultura do milho no Rio Grande do Sul no final deste ano e no começo de 2022. Segue o entendimento dos nossos meteorologistas que as áreas que mais podem ser impactadas por escassez de precipitações nos próximos meses compreendem o Centro da Argentina (zona núcleo), o Uruguai e o Rio Grande do Sul, sobretudo o Oeste e o Sul gaúcho. Na Argentina, o risco de quebras na safra de verão é consideravelmente alto.