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Forte ressaca do mar atinge praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul desde o final do sábado e prosseguia na manhã deste domingo. O mar estava muito agitado e com maré de tempestade. A ressaca do mar levava a água do oceano até os calçadões e os cômoros de areia nas praias da costa Norte gaúcha.

Ressaca deste domingo destruiu guarita de salva-vidas em Capão da Canoa | DANIEL FLECK

A ressaca é consequência do swell de um ciclone extratropical intenso nas latitudes médias da América do Sul. Um swell é uma série de ondas de gravidade mecânicas ou superficiais geradas por sistemas meteorológicos distantes que se propagam por milhares de quilômetros através dos oceanos e mares. No caso de hoje, o sistema é o ciclone bomba que se formou no Atlântico Sul.

Ondulações oceânicas são frequentemente geradas em regiões de depressões atmosféricas nas latitudes médias e perto dos polos entre 30º e 60º, em regiões de águas profundas, sobretudo por ciclones. A maioria das ondas de alta energia no planeta atingem o seu pico no inverno nos hemisférios Norte e Sul, época de maior incidência de ciclones intensos.

E o ciclone atuando agora é intenso. Originou-se a partir de um centro de baixa pressão na costa de Buenos Aires na sexta e que ontem passou por um processo de rápido aprofundamento com queda da pressão atmosférica no centro do sistema de 24 hPa em 24 horas, conforme dados do modelo europeu, portanto configurando o que se denomina de um ciclone bomba.

Este ciclone já se afasta do continente. Na manhã deste domingo, a tempestade no Atlântico Sul estava a cerca de dois mil quilômetros a Sudeste do litoral gaúcho nas coordenadas 36ºS e 35ºW. Sua pressão central estava ao redor de 982 hPa. Os ventos intensos em alto mar que gerou desde ontem, entretanto, geraram ondas no mar que se deslocam com o swell e agora atingem a faixa costeira.

Em Capão da Canoa, a água do mar atingia os quiosques e chegava até as dunas da beira da praia, cobrindo a faixa de areia. Com a força das ondas, uma guarita de salva-vidas não resistiu e acabou caindo. O mar agitado chamava a atenção de frequentadores da praia que faziam fotos e vídeos da ressaca.

A agitação do mar por conta do ciclone no Atlântico Sul já era antecipada pela MetSul. Por regra, ciclones intensos nas latitudes médias da América do Sul produzem ressaca do mar e ondas elevadas entre os litorais do Sul e do Sudeste, e não seria diferente neste. O da última semana, menos intenso, já havia trazido altas ondas dos litorais do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro.

A agitação do mar não irá se limitar à costa gaúcha e vai se estender aos litorais de Santa Catarina e do Paraná e chegar ao Sudeste do Brasil. A agitação marítima e a ressaca podem ser fortes em algumas praias e não se recomenda a navegação com pequenas embarcações sob o risco de naufrágio.