O ciclone extratropical agora sobre o Atlântico Sul, que tanta atenção ganhou na mídia nacional e a MetSul antecipava que não teria maior impacto no território brasileiro exceto por ventos costeiros não muito intensos, queda de temperatura e agitação do mar, já começa a se afastar do continente e vai estar longe do Brasil ao final do domingo. Não há informações até o momento de que o sistema tenha gerado danos ou transtornos em terra firme.
O centro do ciclone extratropical estava às 9h deste sábado nas coordenadas 38º de latitude Sul e 43º de longitude Oeste, conforme análise do modelo europeu, portanto distante da área continental e do Brasil. A latitude corresponde à da província de Buenos Aires.
O modelo europeu projeta que ao final do domingo o centro do ciclone esteja ao redor das coordenadas 30ºW e 40ºS, desta forma já distante da América do Sul e em alto mar bastante longe do território brasileiro.
Os dados da análise do modelo europeu indicaram ainda que a pressão atmosférica central do sistema às 9h da manhã deste sábado era de 986 hPa. No mesmo horário ontem, o centro de baixa pressão estava com 1010 hPa. A queda em 24 horas, assim, foi de 24 hPa.
Com isso, é possível afirmar que o rápido aprofundamento deu lugar ao que se denomina de ciclogênese explosiva com a formação do que se chama tecnicamente de bomba meteorológica ou ciclone bomba. Um ciclone bomba é definido como um centro de baixa pressão que a pressão atmosférica central apresenta queda de ao menos 24 hPa em um intervalo de 24 horas, o que se verificou.
Como ciclone muito intenso e uma bomba meteorológica, obviamente as imagens de satélite do sistema neste sábado chamavam atenção pela enorme espiral de nuvens característica de ciclones sobre o Atlântico Sul. As bandas de nebulosidade ciclônicas se estendiam por centenas de quilômetros e a frente fria associada, de fraca atividade, chegava ao litoral de São Paulo.
Uma vez que a rápida intensificação do ciclone se deu longe da área continental e em alto mar, o campo de vento muito intenso permaneceu predominantemente em mar aberto e não atingiu a maior parte das áreas costeiras do Sul do Brasil, tal como era antecipado pela MetSul.
Nenhuma estação meteorológica no Rio Grande do Sul anotou vento muito forte, embora o tempo tenha estado um pouco ventoso. O Porto de Rio Grande seguiu com operações normais. No Sul de Santa Catarina, a estação do Farol de Santa Marta, em Laguna, anotou rajadas por horas e que chegaram a 86 km/h, mas trata-se de um local já normalmente ventoso. Balneário Arroio do Silva, também no Sul catarinense, registrou rajadas de 79 km/h pelos dados da Epagri-Ciram.
O vento diminui bastante no litoral do Sul do Brasil neste domingo e soprará calmo a fraco em quase toda a região. Por outro lado, a passagem da frente fria pela costa traz chuva localizada no Leste paulista e no Rio de Janeiro. O ingresso do ar mais frio no Sul e no Leste de São Paulo assim como no Rio de Janeiro se dá com vento moderado e rajadas em alguns pontos.
Embora o ciclone se distancie, o vento muito intenso em alto mar gera um swell que vai chegar aos litorais do Sul e do Sudeste do Brasil nos próximos dias. Por efeito, no começo da semana o mar vai ficar mais agitado nas costas das duas regiões brasileiras com perspectiva de ondas muito elevadas em algumas praias e alta probabilidade de ressaca na orla.