Dois ciclones extratropicais eram observados nas imagens de satélite da América do Sul sobre o Atlântico Sul na manhã deste domingo. O mais intenso, e que influencia o tempo no Sul e no Sudeste do Brasil, era o que mais se destacava nas imagens. O segundo, menor intenso, era observado junto às Ilhas Malvinas.

NOAA

Há algo de incomum? Primeiro, importante enfatizar que ciclones são um fenômeno comum em nossas latitudes médias, especialmente em meses de outono, inverno e primavera, mas às vezes ocorrem no verão, como se viu no Carnaval deste ano.

Estes sistemas normalmente acompanham massas de ar frio e, nos meses mais frios, sob uma incursão de ar polar de maior intensidade, tendem a favorecer a ocorrência de neve pois propiciam a umidade que combinada com o ar gelado favorece o fenômeno.

Em abril de 2020, quatro ciclones se formaram em sequência e impactaram o tempo no Sul do país. Em 1999, no episódio da neve mais cedo já observada no Brasil, ainda na metade de abril, o ciclone que favoreceu o frio e a neve provocou uma enorme ressaca com danos na estrutura da plataforma de Atlântida, no Litoral Norte gaúcho.

No caso de hoje, o ciclone de maior relevância se formou a partir de um centro de baixa pressão na costa de Buenos Aires na sexta e ontem passou por um processo de rápido aprofundamento com queda da pressão atmosférica no centro do sistema de 24 hPa em 24 horas, portanto configurando o que se denomina de um ciclone bomba.

É o segundo ciclone intenso a se formar nas latitudes médias da América do Sul desde o início do outono. Dias atrás, outro ciclone que se formou na mesma área foi responsável por levar ar mais frio para o Rio Grande do Sul com mínimas de 7ºC em São José dos Ausentes na segunda e 5ºC na última terça-feira.

O ciclone deste fim de semana é mais intenso que o último e já se afasta do continente. Na manhã deste domingo, a tempestade no Atlântico Sul estava a cerca de dois mil quilômetros a Sudeste do litoral gaúcho nas coordenadas 36ºS e 35ºW. Sua pressão central estava ao redor de 982 hPa.

Este ciclone é que gerou um grande swell que provoca maré de tempestade e ressaca do mar neste domingo no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A agitação do mar vai se estender às costas de Santa Catarina e do Paraná e chegar ao litoral do Sudeste do Brasil. A massa de ar frio impulsionada pelo sistema provocou frio de 0ºC no amanhecer deste domingo no Sul do país com marcas baixas nos três estados da região.

METSUL/NOAA/NASA

Já o segundo ciclone que se observava nas imagens de satélite na manhã de hoje era bem menor e menos intenso. Estava junto às ilhas Malvinas e com pressão atmosférica central em torno de 990 hPa. A região das Malvinas está muito acostumada com este tipo de fenômeno e tem uma altíssima frequência de ciclones por estar mais perto da Antártida.

Como o ciclone mais intenso se afasta e o segundo, mais fraco, está muito longe, não oferecem risco de vento muito forte ao Sul do Brasil. O swell gerado pelo ciclone mais forte e profundo é que traz muita agitação marítima e oferece riscos para a navegação nas costas do Sul e do Sudeste. Por outro lado, as ondas altas poderão ser desfrutadas pelos surfistas.