Defesa Civil

Tempestades severas atingiram durante a quarta-feira o estado de Santa Catarina com estragos principalmente no Oeste e no Meio-Oeste Catarinense. É muito provável que um tornado tenha atingido os municípios de Belmonte e Descanso, onde foram observados os danos mais graves pelo vento que teve intensidade destrutiva.

A tempestade severa atingiu Descanso e Belmonte, no Oeste Catarinense, pouco antes das seis da tarde da quarta-feira (10). Antes, já tinham ocorrido temporais com estragos em Ipuaçú, Campos Novos, Coronel Freitas, Águas de Chapecó, São Carlos, Nova Itabeiraba, Saudades, Cunha Porã, Irani, Iporã do Oeste.

O pior, contudo, viria a ocorrer nos municípios de Belmonte e Descanso no fim da tarde com vento extremamente forte que destruiu residências, uma escola, um ginásio e galpões. A tempestade também derrubou árvores e postes de energia elétrica. Diversas famílias ficaram desalojadas e foram abrigadas na casa de parentes.

Em Belmonte, houve um cenário grande de destruição com muitas casas destelhadas, árvores arrancadas ou decepadas no tronco, e um supermercado que teve todo o seu telhado arrancado. Uma criança ficou ferida no município, após o vidro de uma janela estourar. Ela foi encaminhada ao hospital para procedimento cirúrgico. 

Conforme relatos de moradores, algumas casas foram levantadas do chão com o forte vendaval. Há dificuldade de acesso aos pontos mais atingidos em função de postes e árvores que interromperam os acessos. 

São fortíssimas as evidências de um tornado na região Oeste de Santa Catarina, o que leva a MetSul a definir que o fenômeno foi a causa da destruição entre os municípios de Belmonte e Descanso. Além dos danos terem sido observados numa trajetória bem definida nos dois municípios próximos, o nível de destruição é condizente com tornado.

Os relatos de moradores de um vento destrutivo muito rápido e de que casas chegaram a ser levantadas do chão são características de um tornado. O movimento de sucção, de baixo para cima, não é observado em outro fenômeno severo de vento denominado de microexplosão ou downburst.

As condições atmosféricas, ademais, estavam muito propícias ao registro de tornados. Havia o aporte de umidade da Amazônia com ar mais quente e úmido, alimentando uma frente quente na região com muita instabilidade atmosférica. O radar do governo catarinense (imagem acima)  registrou fortes áreas de instabilidade na região no momento do tornado.

Fenômeno presente em quase todas as ocorrências de tornados no Sul do Brasil, uma corrente de jato em baixo níveis da atmosfera (corredor de vento a cerca de 1500 metros de altitude) atuava no Oeste Catarinense no momento do tornado. 

O jato de baixos níveis (JBN) gera um padrão divergente de vento em diferentes níveis da atmosfera com cisalhamento e ambiente propício para tornado. O modelo WRF da MetSul indicava a possibilidade de tornado na área com valores de helicidade e parâmetro significativo de tornado muito altos para o Oeste Catarinense no exato momento em que se produziu o tornado.