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Placa de aviso de zona de risco de tsunami numa praia em El Segundo, Califórnia. O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos detectou um tsunami na costa Oeste dos Estados Unido, mais percebido com alguns alagamentos na Califórnia, após a enorme erupção vulcânica no Oceano Pacífico em Tonga. | PATRICK FALLON/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O tsunami gerado no último sábado pela gigantesca explosão do vulcão Hunga Tonga Hunga Há’apai no arquipélago de Tonga, no Sul do Oceano Pacífico, a mais potente erupção vulcânica em 30 anos no planeta, foi detectado no Brasil cerca de 17 horas depois e foi pequeno. A informação foi divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda no sábado, dia da erupção, a MetSul Meteorologia informou com exclusividade que a onda de choque atmosférico havia alcançado o Brasil e na segunda-feira antecipou que um tsunami pequeno tinha sido observado no Atlântico e possivelmente na costa brasileira.

O tsunami marítimo gerado pela erupção foi, assim, observado no Pacífico, Atlântico e Índico. A elevação do mar foi maior no Pacífico, onde se produziu o evento eruptivo, e houve alagamentos de pequena monta em áreas costeiras de países como Japão, Chile e Estados Unidos. Já em pontos do arquipélago de Tonga, perto do vulcão, as autoridades locais descreveram um tsunami de até 15 metros.

Na estação maregráfica do IBGE localizada em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, foram percebidas alterações do nível do mar local às 18h20 (horário de Brasília). A erupção ocorreu à 1h de sábado (hora de Brasília). “Houve uma discrepância significativa entre a previsão astronômica de maré e a altura do nível d’água do local”, afirma o engenheiro agrimensor do IBGE, Everton Gomes dos Santos. “A perturbação temporária foi de 8 centímetros. Logo depois de aproximadamente um dia, os níveis começaram a voltar ao normal”, acrescenta o técnico.


Além de Arraial do Cabo (RJ), o IBGE mantém outras cinco estações maregráficas ativas, localizadas nas cidades de Imbituba (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Santana (AP). Nelas, o fenômeno não foi identificado. O conjunto de seis estações forma a Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG).

As informações produzidas pela RMPG são úteis para diversas aplicações, como redução de sondagens para conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de infraestrutura (portos, rodovias, redes de água e esgoto) em regiões litorâneas e estudo de possíveis medidas de adaptação e mitigação dos impactos da elevação global do nível do mar.

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No âmbito internacional, a rede contribui para o Programa Global de Observação do Nível do Mar e para o Programa de Alerta de Tsunami do Caribe, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, que apresentava significativa carência de informações no Atlântico Sul. Além do tsunami causado pela erupção do vulcão Hunga Tonga Hunga Há’apai, que devastou ilhas e destruiu casas em Tonga, fenômeno semelhante já havia sido captado pela rede anteriormente. Em 2004, o tsunami do Oceano Índico, que deixou mais de 200 mil mortos, foi detectado um dia após o incidente pela estação Macaé (RJ), atualmente desativada.

O vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai

Muito pouco se sabe sobre a evolução do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, afirma o Programa de Vulcanismo Global do Smithsonian. A primeira observação registrada de uma erupção foi em 1912, seguida por outra em 1937 e depois 1988, 2009 e 2014-15. Essas erupções foram todas pequenas, a maior de VEI-2 na escala de erupções, mas com tão poucos eventos não há uma boa compreensão do estilo de atividade, diz o Smithsonian.

A erupção de 1988 foi vista por pescadores e piloto de avião, depois analisada por geólogos. Ocorreu a partir de três aberturas de águas rasas junto à ilha de Hunga Ha’apai, mas não havia nenhuma ilha formada pelo vulcão. A erupção que começou em 17 de março de 2009 teve uma abertura em Hunga Ha’apai e outra submersa a cerca de 100 metros da costa. A ejeção de material vulcânico preencheu o espaço entre elas em alguns dias, expandindo o tamanho da ilha. Após apenas quatro dias, a erupção de 2009 acabou, mas estendeu a ilha em um quilômetro, deixando lagos de crateras emitindo vapor.

A próxima erupção ocorreu de 19 de dezembro de 2014 a 28 de janeiro de 2015. Esse período mais longo de atividade foi centrado entre as ilhas de Hunga Tonga e Hunga Ha-apai e construiu uma nova ilha. Eventualmente, havia tanto material que as ilhas estavam todas conectadas.

Em 20 de dezembro de 2021, uma nova erupção produziu uma pluma de gás e cinzas rica em vapor que subiu a 16 quilômetros (52.500 pés) de altitude. Após quase duas semanas de período de calmaria, a atividade retomou com uma alta fase eruptiva freatomagmática no vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai.

Uma explosão espetacular ocorreu às 15h14 UTC da quinta, caracterizada por massas escuras e densas de material piroclástico. Uma pluma cada vez maior e densa enviou cinzas até 55.000 pés (17.000 metros) de altitude. No dia 15 de janeiro, o vulcão teve a sua maior explosão e foi um evento global com tsunami no mar no Pacífico e uma onda de choque planetária que gerou meteotsunami em outros oceanos do planeta.

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