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A erupção gigantesca do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, nas Ilhas Tonga, no Pacífico Sul, foi evento de escala global com uma onda de choque (onda atmosférica ou tsunami atmosférico) que se propagou por todo o planeta com variação da pressão atmosférica detectada em vários países, inclusive no Brasil, e ainda um tsunami marítimo que gerou elevação da maré e ondas em vários pontos do Oceano Pacífico como Austrália, Japão, Chile, Alasca e a Costa Oeste dos Estados Unidos.

O tsunami no mar, entretanto, não se limitou ao Pacífico. O tsunami, gerado no Pacifico, propagou-se pelos vários oceanos do planeta, incluindo o Atlântico.

O IPMA, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, registrou variações do nível do mar em praticamente todas as suas estações maregráficas em operação na costa portuguesa. Conforme o IPMA, as variações tiveram amplitudes inferiores a meio metro.

Registro do meteotsunami em Ponta Delgada | IPMA

“A origem dos registos está relacionada com a onda de choque atmosférica resultante da explosão no vulcão, a qual se propagou pelo globo, gerando condições particulares sobre os oceanos que potenciam a geração de um tsunami, neste caso designado por meteotsunami de origem vulcânica”, explicou o IPMA.

Os sinais atmosféricos da explosão foram seguidos de alterações no nível do mar. O sinal de maior amplitude, cerca de 40 centímetros, foi registado em Ponta Delgada, nos Açores, tendo o fenômeno sido observado ainda na Ilha da Madeira (20 centímetros medidos no Funchal) e no continente. Na área continental portuguesa, os valores foram inferiores a 20 centímetros com exceção de Peniche, onde foram medidos 39 centímetros.

O mesmo ocorreu no Caribe, também no Atlântico Norte. O físico oceanógrafo Greg Dusek publicou em sua rede social dados de flutuação de 10 centímetros no nível do mar acompanhando a chegada da onda de choque atmosférica com súbita variação de pressão no território norte-americano do Caribe, o que gerou um meteotsunami como se verificou em Portugal.

É muito possível que equipamentos de universidades e da Marinha do Brasil que monitoram a costa brasileira também tenham registrado pequenas oscilações do nível do mar por ocasião da passagem da onda de choque gerada pela erupção do vulcão, o que a MetSul mostrou ter ocorrido ao redor do meio-dia (hora de Brasília) no sábado (15). O Instituto Almirante Paulo Moreira, da Marinha, já observou no passado alterações no nível do mar (tsunamis) na costa brasileira por terremotos como de 2004 na Indonésia e de Fukushoma no Japão.

O VULCÃO HUNGA-TONGA HUNGA-HA’APAI

Muito pouco se sabe sobre a evolução do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, afirma o Programa de Vulcanismo Global do Smithsonian. A primeira observação registrada de uma erupção foi em 1912, seguida por outra em 1937 e depois 1988, 2009 e 2014-15. Essas erupções foram todas pequenas, a maior de VEI-2 na escala de erupções, mas com tão poucos eventos não há uma boa compreensão do estilo de atividade, diz o Smithsonian.

A erupção de 1988 foi vista por pescadores e piloto de avião, depois analisada por geólogos. Ocorreu a partir de três aberturas de águas rasas junto à ilha de Hunga Ha’apai, mas não havia nenhuma ilha formada pelo vulcão. A erupção que começou em 17 de março de 2009 teve uma abertura em Hunga Ha’apai e outra submersa a cerca de 100 metros da costa.

A ejeção de material vulcânico preencheu o espaço entre elas em alguns dias, expandindo o tamanho da ilha. Após apenas quatro dias, a erupção de 2009 acabou, mas estendeu a ilha em um quilômetro, deixando lagos de crateras emitindo vapor.

A próxima erupção ocorreu de 19 de dezembro de 2014 a 28 de janeiro de 2015. Esse período mais longo de atividade foi centrado entre as ilhas de Hunga Tonga e Hunga Ha-apai e construiu uma nova ilha. Eventualmente, havia tanto material que as ilhas estavam todas conectadas.

Em 20 de dezembro de 2021, uma nova erupção produziu uma pluma de gás e cinzas rica em vapor que subiu a 16 quilômetros (52.500 pés) de altitude. Após quase duas semanas de período de calmaria, a atividade retomou com uma alta fase eruptiva freatomagmática no vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai.

Uma explosão espetacular ocorreu às 15h14 UTC da quinta, caracterizada por massas escuras e densas de material piroclástico. Uma pluma cada vez maior e densa enviou cinzas até 55.000 pés (17.000 metros) de altitude. No dia 15 de janeiro, o vulcão teve a sua maior explosão e foi um evento global com tsunami no mar no Pacífico e uma onda de choque planetária que gerou meteotsunami em outros oceanos do planeta.