Satélites da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos, a NOAA, registram a presença de fumaça sobre o Rio Grande do Sul dos incêndios em vegetação provocados pela seca severa e a onda de calor extremo. Grande número de incêndios tem se observado há vários dias no Nordeste da Argentina, especialmente em Corrientes e Misiones, Paraguai e no estado gaúcho. O fogo ocorre em meio a uma brutal onda de calor com marcas de até 44ºC na região, tempo muito seco e uma severa estiagem.

Imagem do sensor de profundidade óptica de aerossóis VIIRS dos satélites SNPP e NOAA 20 captaram a presença de fumaça sobre o Rio Grande do Sul e a área de Porto Alegre em suas passagens orbitais do dia de ontem. A fumaça, conforme a sua concentração, pode ser vista no mapa pelas cores vermelho, laranja e amarelo. Os espaços sem dados (gaps) decorrem da presença de nuvens que impede o registro do material particulado pelos satélites.

Conforme dados do Inpe, a Argentina tem neste mês até o dia 20 um total de 5658 focos de calor identificados por satélites do Sul ao Norte do país. Mesmo faltando mais de 10 dias para terminar o mês, o número é quase o triplo da média histórica de janeiro de 1998-2021 de 1648. O valor parcial do mês bate o recorde de janeiro de 4624 de 2002.

Já o Paraguai registrou nos primeiros 19 dias de janeiro nada menos que 2714 focos de calor. O número corresponde a 310% da média histórica do mês inteiro de 861. O recorde histórico de janeiro de 2122 focos, no ano 2000, foi amplamente superado agora. A grande quantidade de fumaça gerada pelos incêndios tornou a qualidade do ar muito ruim em diversas cidades paraguaias e o ar foi descrito como “insalubre” em alguns momentos em Assunção. A fumaça que está chegando ao território gaúcho tem realçado as cores do entardecer em várias cidades e foi responsável por imagens espetaculares em Porto Alegre no final da tarde da quarta-feira.

Porto Alegre – Fernando Oliveira

Porto Alegre – Fernando Oliveira

Parque Nacional da Lagoa do Peixe – Rosinara Ferreira

A temperatura máxima na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Uruguaiana ontem de 42,1ºC foi a segunda mais alta de toda a série histórica do município que se iniciou em 1912. Bateu os 42,0ºC da grande e histórica onda de calor de janeiro de 1943 e por pouco não igualou o recorde absoluto de 42,2ºC de 1986. Foi o primeiro registro de 42ºC e a maior temperatura na rede oficial do instituto nacional no Estado desde 1986, portanto em 36 anos.

Queimadas também ocorrem no Rio Grande do Sul em razão do calor excessivo e da seca. O Rio Grande do Sul vive um janeiro de fogo como não se registrava há quase 20 anos. De acordo com dados Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o número de focos de incêndios captados por satélites entre os dias 1º e 20 de janeiro no Estado foi de 135, quase o dobro da média histórica de janeiro inteiro de 1998-2021 de 71.

A última vez que o mês registrou tantos focos de calor observados por satélite no Rio Grande do Sul foi em 2005 com 186, ano em que o território gaúcho também passava por uma severa estiagem e que deixava centenas de municípios em situação de emergência, como agora. O recorde pertence ao ano de 2002 com 263 focos captados por satélites.