Na literatura científica até 2004 os furacões não tinham “ambiente” favorável para seu desenvolvimento no Atlântico Sul devido as águas mais frias, ao cisalhamento do vento que teoricamente inibia a formação de tempestades  e também ao jato de altos níveis que “empurrava” qualquer instabilidade de Oeste para Leste. Em março de 2004, no entanto,  a atmosfera apresentou um comportamento anômalo com redução do cisalhamento e águas um pouco mais quentes que o normal na Costa de Santa Catarina e Litoral Norte gaúcho dando origem a um inicial ciclone extratropical que mudou sua trajetória de forma inesperada para Oeste até atingir terra firme e afetar cidades gaúchas e catarinense com categoria 1 na escala Saffir Simpsom.

Depois deste evento a comunidade meteorológica teve que rever seus conceitos e reavaliar a formação de fenômenos atmosféricos sobre o Atlântico Sul.  Diante desse novo olhar por meio da pesquisa científica observou se que os ciclones tropicais e sub tropicais não são tão raros no Atlântico Sul quanto se acreditava. Uma pesquisa publicada em 2012 no Journal of Climate de autoria de Jenni L. Evans e Aviva Braun analisou a climatologia dos ciclones subtropicais no Atlântico Sul entre 1957 e 2007, ciclone subtropical conceitualmente considerado como uma estrutura mista de núcleo quente em sua base e frio na parte superior entre outras características, e anotou a ocorrência de 63 eventos nestes 50 anos, ou seja, em média mais de um por ano. Além disso, a pesquisa concluiu que diferente do Atlântico Norte em que a formação de sistemas tropicais e subtropicais se concentra de junho a novembro, no Atlântico Sul a distribuição dos eventos é mais uniforme ao longo do ano. E mais intrigante é que destes 63 ciclones subtropicais formados no Atlântico Sul, 18 deles ocorreram entre 2000 e 2007 (gráfico acima extraído do trabalho de Evans e Braun) , ou seja, quase 30%. Esse aparente aumento na incidência do fenômeno após o ano 2000 pode estar relacionado a maior frequência de águas mais quentes no Atlântico Sul, assim como, ser um dos efeitos das mudanças climáticas que tem gerados impactos em todo o Planeta. Entretanto, para de fato se afirmar uma mudança e ou aumento na frequência é necessário uma série maior de dados e análises, que os cientistas definem como razoável pelo menos 30 anos a partir de 200o para que se possa definir de fato um aumento e também  as suas causas.  O que já é possível afirmar é que ciclones subtropicais fazem parte da climatologia do Atlântico Sul.