A atuação de uma área de baixa pressão no Atlântico levou nuvens carregadas do mar pro continente que trouxeram chuva torrencial ontem na madrugada para o Sul da ilha, em Florianópolis, com acumulados entre 60 mm e 130 mm Houve alagamentos em vários pontos da capital catarinense e a água invadiu até casas no bairro Rio Tavares (imagem abaixo de Daniel Queiroz do Notícias do Dia). No Campeche, a chuva da segunda-feira e da madrugada desta terça chega a 170 mm. A média histórica de chuva de março inteiro em Florianópolis é de 186,3 mm. O tempo permaneceu instável na maior parte da segunda entre a capital catarinense e o Sul do Estado com chuva forte em alguns pontos do litoral (foto abaixo de Jacqueline Estivallet). Em Garopaba, caíram 80 mm ontem e no começo desta terça. Em Laguna foram mais de 70 mm. O centro de baixa pressão que gradualmente formava ciclone trouxe chuva às vezes forte também para o Litoral Norte do Rio Grande do Sul na segunda e madrugada desta terça. O volume no período de 30 horas chegou a 90 mm no período em Terra de Areia.


O ciclone até o momento carece de maior organização, mas a tendência é que entre esta terça-feira e amanhã o sistema fique mais organizado em alto mar e também passe a ter maior intensidade com a queda da pressão atmosférica em seu centro. O fato do sistema não estar organizado é um indicativo de que a pressão não chega a ser muito baixa no seu centro de circulação. Ontem à noite, na sua análise sinótica, o setor de Meteorologia da Marinha do Brasil (DHN) acusava uma pressão central de 1010 hPa na baixa (nosso entendimento era de valor menor que esse). Dados de tempo real mostram, ademais, que acertaram os modelos numéricos que mantinham o centro do sistema mais distante do litoral Sul brasileiro.

O sistema, ainda não designado com nome pelo DHN da Marinha do Brasil, possivelmente porque seu status até o momento é mais sim de uma depressão e não tempestade, seguirá fazendo com que nuvens carregadas avancem do oceano pro continente ainda hoje e amanhã com novos registros de chuva forte a intensa localizada em pontos de Florianópolis até o Sul catarinense, além do Nordeste gaúcho, sobretudo no Litoral Norte (maior risco na área de Maquiné a Torres). A interação entre a abundante umidade do sistema no mar e o ar quente sobre o continente gerará ainda pancadas de chuva em diversos locais da Metade Leste e mesmo do Centro do Rio Grande do Sul hoje e amanhã, por isso são esperançadas pancadas de chuva isoladas, algumas fortes de curta duração, na Serra, Grande Porto Alegre, Planalto, Vales, Centro e Sul do Estado nestes dois dias. Não se pode afastar chuva forte passageira na área ainda de Porto Alegre, como já ocorre neste momento e já se previa, de hoje a quinta-feira. O Oeste e o Noroeste gaúcho seguem com o predomínio do ar mais seco com forte calor.


Mantém-se a ideia já exposta que este sistema não deve gerar vento intenso na costa. Há intensificação do vento, mas as rajadas mais fortes devem permanecer em mar aberto (ver projeções abaixo a partir de modelagem numérica do Windyty). Tramandaí teve registro de vento moderado acompanhando a chuva durante toda a madrugada desta terça-feira. A rajada mais forte registrada na estação do Instituto Nacional de Meteorologia foi de 54,3 km/h. Entre hoje e amanhã o vento pode soprar moderado com rajadas fortes somente ocasionais (60 a 70 km/h) em pontos na faixa da orla entre Mostardas e Torres.


Renova-se o aviso sobre mar agitado e possibilidade de ressaca na orla, especialmente de Tramandaí a Florianópolis, de hoje a sexta-feira. Mantém-se a advertência sobre o risco de navegação na costa para pequenas embarcações. A perspectiva é que este sistema no Atlântico enfraqueça e perca muito em organização entre sexta e sábado, não se afastando até sua dissipação. Informações serão atualizadas com novos dados e imagens no decorrer do dia em nossa conta da rede Twitter.