A Meteorologia da Marinha do Brasil (DHN) elevou o status do ciclone na costa do Sul do país da categoria de depressão subtropical da análise das 12Z de ontem à tempestade subtropical na análise da 0Z de hoje. Com isso, o ciclone foi batizado pelo nome de Cari, palavra em tupi guarani que significa “homem branco”. Trata-se de um fato histórico na Meteorologia nacional. Não há precedente na climatologia do Brasil que dois ciclones anômalos tenham sido batizados em um mesmo ano, quanto mais em intervalo de apenas 30 dias. Em fevereiro, a tempestade subtropical Bapo tinha atuado junto à costa do Sul do Brasil. Antes, tinham sido batizados os ciclones atípicos Arani (2011), Anita (2010) e ainda o furacão Catarina (2004).


Volumes extremos de chuva associados ao ciclone Cari foram registrados no Leste de Santa Catarina e no Nordeste gaúcho, tal como alertava a MetSul Meteorologia em seus boletins de advertência desde o fim de semana. No caso de Santa Catarina, houve alagamentos e pontos de inundação durante a terça-feira no Sul do Estado (fotos abaixo de Criciúma e Siderópolis do portal Engeplus). Na soma de segunda-feira até 6h da manhã desta quarta-feira havia chovido 183 mm no Sul da ilha em Florianópolis (Campeche), 159 mm em Laguna, 154 mm em São Martinho, 144 mm em Armazém, 128 mm em Içara, 127 mm em Garopaba, 120 mm em Içara, 119 mm em Jaguaruna, 112 mm em Içara e 100 mm no município de Santa Rosa de Lima.


No Litoral Norte gaúcho, a chuva intensa trazida pelo ciclone subtropical Cari também causou inundações. Só ontem choveu 133,8 mm na estação da ANA em Caraá, município junto à Serra perto de Santo Antonio da Patrulha, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Houve inundação na cidade e vias do interior do município foram interrompidas pela rápida das águas (fotos abaixo da Defesa Civil Municipal). Houve danos às estradas do interior do município. Volumes acima de 100 mm foram anotados registrados ainda desde segunda-feira até o final da madrugada desta quarta em Terra de Areia (131 mm), Três Cachoeiras, Tres Forquilhas (115 mm), Riozinho (104 mm) e Itati (108 mm). Houve chuva forte isolada ontem ainda nos vales, Grande Porto Alegre e Serra com volumes terça de 54 mm em Parobé e 46 mm entre Novo Hamburgo e São Leopoldo.


Com o lento deslocamento para Sul do ciclone subtropical Cari e o contínuo aporte de umidade com bandas de nebulosidade do oceano para o continente, o tempo vai continuar instável. O risco de chuva forte a intensa localizada segue nesta quarta-feira no Sul e no Leste catarinense. No Nordeste do Rio Grande do Sul, sobretudo no Litoral Norte, o risco de chuva forte persiste ainda hoje e amanhã com ameaça de alagamentos e deslizamentos de terra ou queda de barreiras nas áreas de relevo. Recomenda-se atenção na BR-101 no Litoral Norte gaúcho e no Sul catarinense. Pancadas fortes isoladas e passageiras ainda são possíveis em pontos da Serra, nos vales e na Grande Porto Alegre nesta quarta-feira e possivelmente também amanhã. Os volumes de chuva trazidos por este ciclone atípico, assim, estão longe de definitivos aqui no Nordeste gaúcho e vão subir mais. O ciclone vai se afastar rápido para Sudeste na quinta, desorganizando-se ainda mais, e pode até se dissipar na sexta.


O vento ganhou força durante as últimas horas na costa Sul catarinense. Na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Santa Marta, Laguna, foram registradas rajadas de 73 km/h entre 6h e 7h de hoje. No decorrer desta quarta não podem ser afastadas rajadas de 70 a 90 km/h, ocasionalmente superiores, em pontos da costa entre o Sul de Santa Catarina e a região de Florianópolis. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul o vento também se intensifica, principalmente em Torres. O vento será moderado com ocasionais rajadas fortes, porém não se espera vento muito intenso na região. Segue o aviso da MetSul Meteorologia por mar agitado no Litoral Norte gaúcho e de Santa Catarina com ondas de até 3 metros e o risco de ressaca.